A proliferação dos javalis no estado e em todo o Brasil tem se tornado uma preocupação crescente entre especialistas e agricultores. Com uma gestação de cerca de quatro meses, uma fêmea pode ter ninhadas de até 25 filhotes, o que contribui para uma rápida expansão populacional.
Essa invasão é agravada pela falta de predadores naturais e começa a gerar grandes prejuízos econômicos, afetando lavouras e criações em diversas propriedades rurais.
Arthur Venancio Santana, mastozoólogo e doutorando em Ecologia e Evolução da Biodiversidade pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), explica que eles se tornaram uma espécie invasora após sua introdução no Brasil. Segundo ele, a comparação é válida entre as vacas, que também são exóticas, mas não causam os mesmos danos.
População de javalis cresce de maneira alarmante
Os javalis, que incluem os javaporcos, competem com a fauna nativa por recursos, afetando espécies como o cateto e o queixada. Santana destaca que, com a ausência de predadores como a onça-pintada, a população de javalis cresce de maneira alarmante, às vezes com até quatro gestações por ano.
A situação é tão crítica que os javalis se tornaram um reservatório de doenças, como sarna e raiva, colocando em risco tanto a fauna local quanto a saúde pública. A única medida realmente eficaz para controle populacional é a caça, que deve ser realizada com cuidados sanitários rigorosos.
Embora países vizinhos, como Argentina, tenham implementado métodos mais efetivos de controle, o Brasil ainda luta para lidar com a questão. Santana alerta que a criação de javalis é proibida no país devido ao seu potencial de causar doenças e prejuízos econômicos.
Ao redor do estado, relatos de danos em propriedades agrícolas são preocupantes. Na Fazenda São Miguel, no Litoral Sul, o produtor rural Napoleão Correia de Barros Neto relata que varas de javalis, compostas por até 40 indivíduos, causam estragos em plantações, prejudicando a produção de grãos.
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