Cinquenta kits de bochas paralímpicas fabricadas por quatro apenados da Penitenciária Modulada Estadual de Ijuí (PMEI) foram entregues à Federação das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Feapaes) do RS nesta terça-feira (25), no estabelecimento prisional. A Feapaes distribuirá os itens a instituições de outros municípios para que sejam utilizados em treinos, como meio de ampliar o acesso ao esporte entre as pessoas com deficiência.

O secretário de Sistemas Penal e Socioeducativo, Luiz Henrique Viana, destacou que este é um projeto de reintegração social que busca estimular habilidades e criar oportunidades. “Aqui, por meio da oficina de bochas paralímpicas, além de aprender um ofício, as pessoas privadas de liberdade estão exercendo a solidariedade. Não é apenas uma oficina, mas, também, um caminho para ressignificar as vidas de quem está cumprindo a pena e de quem receberá os artigos aqui produzidos.”
Iniciada em agosto de 2024, a produção das bochas ocorreu de modo artesanal, formada por algumas etapas. Em um primeiro momento, foram costurados os pedaços do tecido que forma a bocha. Depois, dois tipos de polietileno – um para dar volume e o outro para alcançar o peso específico – foram pesados para preencher o item. Em seguida, foi feito o fechamento de cada uma e, para finalizar, um soprador térmico foi usado para tirar qualquer deformidade que tenha permanecido no decorrer da produção.
“É emocionante este evento, pois alcança dois grupos, que, muitas vezes, são difíceis de serem enxergados. E é muito importante para nós da Apae, porque é uma magia na vida deles, é sobre dignificar o ser humano”, destacou o presidente da Apae de Ijuí e representante Feapaes, Alailton Xavier.
Os apenados que atuaram na fabricação dos kits foram beneficiados com a remição de um dia da pena a cada três trabalhados, conforme prevê a Lei de Execução Penal (LEP). A PMEI é referência em trabalho prisional na região e oportuniza outras diferentes oportunidades de atividades laborais voltadas às pessoas privadas de liberdade.
O superintendente da Polícia Penal, Luciano Lindemann, a diretora da PMEI, Darlen Bugs, e o delegado da 3ª Região Penitenciária, Irineu Koch, acompanharam a entrega.
A bocha paralímpica é adaptada para pessoas com deficiência e, além de ampliar o acesso ao esporte, visa melhorar a capacidade física e as habilidades motoras dessa parcela da população. A bocha é um dos esportes em que homens e mulheres competem juntos e pode ser praticado de forma recreativa ou competitiva e como atividade física educativa. Além disso, desde 1984, é uma das modalidades dos Jogos Paralímpicos.
Desenvolvimento da ação com a Federação das Apaes do RS
Há cerca de cinco anos, a partir da procura de entidades que lidam com pessoas com deficiência por parceiros para confeccionar as bochas, a PMEI passou a desenvolver estudos para produzir os itens com um valor mais acessível do que o encontrado no mercado. Esse processo, que durou um ano, envolveu testes com diversos materiais, para alcançar o tamanho e o peso ideais. Um kit de bochas paralímpicas custa, em média, R$ 1 mil – no estabelecimento prisional, o preço é de R$ 100.
Para iniciar a confecção dos kits, a unidade conseguiu uma parceria com a empresa 3tentos para financiar o projeto, intermediada pela Apae do município, em 2024. Com o recurso de R$ 5 mil, foi possível comprar os materiais necessários para a fabricação de 50 kits, que são compostos por 13 bochas cada.
Entrega de 50 kits destinados as Apaes
Fonte: Ascom SSPS