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Segurança

Cai pela metade o registro de armas em Camaquã durante 2023

Levantamento feito pela reportagem aponta que foram 52 solicitações para a Polícia Federal em 2023

Dados levantados pela reportagem apontam que houve uma redução de 50,94% no registro de armas de fogo para uso pessoal em Camaquã durante 2023. Ao todo, são 52 solicitações acatadas pela Polícia Federal no ano passado, enquanto em 2022 foram 102.

Foto: PF
Foto: PF

Do total registrado em 2023, 35 são pistolas, cinco revólveres, cinco rifles, seis espingardas e uma carabina.

Camaquã segue um movimento nacional de queda nos registros. Após quatro anos de políticas públicas a favor das armas por parte de Jair Bolsonaro (PL), o número de solicitações de posse de armas de fogo no Brasil caiu 81% em 2023, conforme dados da Polícia Federal, de 114 mil foi para 20 mil.

“Até 2022, havia uma determinada direção, porque para cidadão adquirir uma arma o limite era quatro, além de calibres e dos requisitos. A partir de 2023, o governo que assumiu formalizou um decreto fazendo algumas mudanças. Então, essa diminuição no número de registros, só a questão do limite de armas que passou de quatro para duas por cidadão já impacta fortemente nesse número”, pontua o Delegado Cicero Costa Aguiar, da Polícia Federal do RS.

Apesar da diminuição de 60%, o Rio Grande do Sul é o estado que mais solicitou registros de arma de fogo para uso pessoal em 2023, conforme apresentou a reportagem da Acústica FM nesta terça-feira. Foram 5.788 pedidos acatados na Polícia Federal.

Conforme o Delegado Cicero Costa Aguiar, da PF-RS, não há um dado técnico sobre a relação do Rio Grande do Sul com as armas. O estado por muitas vezes lidera o ranking de registros. No entanto, o número alto de pedidos envolve uma questão cultural do gaúcho.

“ Dentro do mapa da criminalidade, o Rio Grande do Sul não está liderando e nem figura entre os lugares com índices de criminalidade muito maiores. Então se a gente fosse levar em conta esses recortes, as pessoas buscariam mais armas em unidades da federação que apresentam mais violência para se defender. É uma análise que eu faço conversando também com colegas aqui do Rio Grande do Sul. Culturalmente, o cidadão gaúcho sempre teve esse contato com a arma, principalmente quem está no meio rural que também sempre teve contato com arma de fogo, é o costume”, finaliza o Chefe da Delegacia de Controle de Armas e Produtos Químicos da PF-RS.

A avaliação do mestre em Ciências Criminais Saulo Marimon vai ao encontro da análise realizada pelo delegado Cícero. No entanto, Marimon acrescenta que o Rio Grande do Sul, lugar de muitos imigrantes, herdou também hábitos de pessoas que vinham de fora do país.

Saulo relata que o RS, historicamente, sempre teve uma relação muito próxima com armas de fogo advinda desde a nossa colonização.

“Na Fronteira Sul, os brasileiros começaram a ocupar espaços que antes eram da colônia espanhola. Havia muitos atritos com os uruguaios. Então, ter arma de fogo em fazendas, neste local, especialmente, era uma coisa de sobrevivência. O sul do estado foi forjado com este sangue. O que explica um pouco o porquê da relação com o armamento de fogo. Alguns imigrantes que vieram para o Brasil já vinham com a prática de caçar animais. Então, ali havia um hábito também da cultura da arma de fogo”, explica o professor.

Dados de registros por estado

  • RS 5.788
  • ES 4.018
  • SP 3.239
  • MG 1.916
  • Go 1.824
  • SC 1.616
  • PR 1.263
  • RJ 1.200
  • DF 860
  • MS 809