Durante o carnaval, é comum os foliões se aglomerarem em bloquinhos, além das arquibancadas e camarotes para ver o desfile das escolas de samba. Por conta desse aumento do contato humano, é preciso tomar alguns cuidados contra a gripe e a Covid-19.
O cenário atual é positivo. Segundo dados mais recentes do Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), diferentemente do carnaval dos 2 anos anteriores, a maioria das regiões do país mantém queda ou está em uma situação compatível com a oscilação natural de casos graves de problemas respiratórios.
Além disso, o número de casos e mortes pela Covid-19 tem registrado queda no país. No último dia 12, o Brasil não registrou nenhuma morte pela doença em 24 horas, pela primeira vez em 3 anos.
Apesar da situação mais controlada, o pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes alerta que, em eventos com grande aglomeração, como o carnaval, a transmissão de vírus respiratórios é facilitada. Por isso, ele faz recomendações aos foliões:
“Quem está com algum sintoma sugestivo de infecção respiratória vale a pena fazer o resguardo, ficar em casa, evitar os blocos, os eventos, as celebrações, as comemorações de carnaval para evitar eventualmente estar passando para outras pessoas, facilitando o processo de aumento no número de casos na sua localidade.”
Rodrigo Calazans, arquivista de 32 anos, conta que vai curtir o carnaval em Brasília (DF). Depois de 3 anos de pandemia, ele está feliz em finalmente poder festejar nos bloquinhos, mas não deixou de lado os cuidados contra o coronavírus.
“Eu tomei as quatro doses da vacina de Covid-19. Além de tentar tomar todos os cuidados – passar álcool em gel, tentar ter um pouco de distanciamento – não vou deixar também de me alegrar, porque depois de 2 anos, nós vamos ter finalmente um carnaval com blocos e estou bastante feliz.”
O professor de epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho ressalta que a principal forma de prevenir é a vacinação, especialmente o esquema completo contra a Covid-19 e o imunizante contra a gripe.
Pós-carnaval
Segundo Walter Ramalho, é esperado um aumento do número de casos de doenças infectocontagiosas, como gripe e Covid-19, logo após as festas de carnaval. E alguns fatores contribuem para esse aumento.
“Além da contaminação propriamente dita das infecções, a gente também tem, por parte dos foliões mais festivos, uma queda muito grande da imunidade, porque as pessoas deixam de se alimentar, deixam de dormir e fazem o uso muito forte de bebidas alcoólicas. [Há] diminuição também da ingesta de líquidos. Enfim, há uma diminuição da imunidade natural das pessoas e um choque imunológico importante das doenças infectocontagiosas. Então realmente isso é um período importante sob o ponto de vista epidemiológico no Brasil.”
Campanha de vacinação
O Ministério da Saúde anunciou o início de uma campanha de vacinação contra a Covid-19 em 27 de fevereiro, logo após o período do carnaval. Inicialmente devem se vacinar idosos com mais de 60 anos, gestantes e puérperas, imunocomprometidos, pessoas com deficiências, internos em instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos, quilombolas e profissionais da saúde.
O pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes afirma que já é esperado um aumento de casos de Covid-19 este ano no Brasil. Por isso, ele destaca a importância da campanha de vacinação neste momento.
“Quem está em atraso com a sua quantidade de doses de acordo com a sua faixa etária, com o seu estado de saúde, deve buscar informação, ir atrás, ficar em dia com a quantidade de doses recomendadas para o seu caso particular, para que quando chegar esse momento – caso ele chegue – a gente esteja com a proteção adequada.”
O Ministério da Saúde ainda não detalhou a data de vacinação de cada grupo. A meta é vacinar 90% do grupo prioritário.