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Caso Rafael: realização do júri custou mais de R$ 160 mil ao Judiciário

Cancelado após a bancada de defesa da ré abandonar o
plenário, o júri do caso Rafael custou aos cofres públicos mais de R$ 160 mil
reais. O montante envolve a contratação de empresa organizadora de evento,
realização de licitação, contratação de link de comunicação de dados
(internet), despesas com vigilância, transporte de bens, aluguel, diárias, etc.

Servidores atuam na desmontagem do salão, após cancelamento do júri Foto: Juliano Verardi/TJRS

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A organização do julgamento, do ponto de vista da logística,
demandou meses para ser estruturada pelo Poder Judiciário gaúcho, tendo contado
com o envolvimento de aproximadamente 50 colaboradores, entre 15 setores do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) e terceirizados. Na última
semana, as equipes trabalharam para transformar o salão principal do
Independente Futebol Clube em um Salão do Júri, já que a sede do Foro da
Comarca não comporta um evento de grande porte. No clube, foram realizadas adaptações
de pontos lógicos e de elétrica, bem como a colocação de mobiliário, banheiros
químicos e gerador, a fim de possibilitar o bom andamento dos trabalhos.

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O TJRS já adotou providências junto à Procuradoria-Geral do
Estado (PGE) para avaliar possíveis medidas de ressarcimento ao erário público
em virtude do ocorrido.

Trâmite

Rafael Winques, de 11 anos, foi morto em maio de 2020. A mãe
dele, Alexandra  Dougokenski, é acusada
de  cometer homicídio qualificado (motivo
torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa),
ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Em menos de 1
ano de tramitação, a fase de instrução processual  (oitiva de testemunhas, produção de provas,
interrogatório da ré) foi concluída.  O
processo foi conduzido pela Juíza de Direito Marilene Parizotto Campagna que,
em 05/03/21, pronunciou Alexandra (ou seja, decidiu que ela deveria ser julgada
pelo júri popular).

O julgamento foi marcado para 8/11 do ano passado, mas
acabou sendo adiado em razão do ataque cibernético sofrido pelo Poder
Judiciário e também dos trâmites do processo de licitação para contratação de
empresa de apoio ao evento.

Hoje (21/03) teria início o júri, com previsão de duração de
3 a 4 dias. Estavam arroladas 11 testemunhas para serem ouvidas, além da
acusada. O júri foi dissolvido antes mesmo do sorteio dos sete jurados que
iriam compor o Conselho de Sentença.

Distante mais de 400 KM da Capital, a Comarca de Planalto é
de entrância inicial, tendo apenas uma magistrada como titular para atuar em
mais de 5 mil processos.

Texto: Janine Souza/TJ-RS