CFC fecha em Guaíba e alunos denunciam estelionato

O fechamento do Centro de Formação de Condutores (CFC) Nunes, em Guaíba, Região Metropolitana de Porto Alegre, deflagrou uma onda de denúncias de estelionato contra os proprietários da empresa. A Polícia Civil já abriu 44 inquéritos após alunos registrarem ocorrências alegando que pagaram por serviços de habilitação que nunca foram prestados.

O CFC, que operava há mais de 30 anos, foi descredenciado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS) em dezembro de 2024, devido a irregularidades em certidões financeiras. Contudo, os valores pagos pelos clientes para obtenção da primeira habilitação e adição de categoria à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não foram devolvidos, gerando revolta e frustração.

Alunos relatam que foram obrigados a pagar duas vezes para tirar a carteira: uma ao CFC Nunes, que não cumpriu com o serviço contratado, e outra a outro centro de formação para dar continuidade ao processo.

Paulo Leonardo Fonseca da Silva, de 27 anos, é um dos alunos prejudicados. “No dia 29 de novembro, eu vim aqui pagar a carteira, era minha primeira habilitação. Eles pegaram meu dinheiro e sumiram. Fecharam uns dois dias antes do exame. Depois, comecei a entrar em contato com eles e até hoje não consigo mais, não respondem, não visualizam, não atendem”, desabafa.

Davisson David, de 25 anos, relata que o CFC chegou a agendar aulas mesmo após o descredenciamento. Mensagens trocadas com a empresa indicam que aulas foram marcadas para os dias 5 e 6 de dezembro, quando o centro já estava fechado.

Investigação em andamento em Guaíba

A delegada Karoline Calegari, que já atuou a frente da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Camaquã, e que hoje trabalha em Guaíba, informa que a polícia está investigando minuciosamente as denúncias.

A investigação também apurou que um dos depósitos foi realizado na conta da empresa após o descredenciamento pelo Detran.

Resposta do Proprietário

Marcelo Nunes, proprietário do CFC, alega ter sido vítima de um golpe por parte de um funcionário. “Vendas foram transacionadas por um colaborador. Essas vendas não entraram na conta da empresa e nós viemos tomar ciência disso a partir do momento que viemos a encerrar as atividades da empresa”, declarou à RBS TV.

Nunes afirma que o CFC irá ressarcir as vítimas que pagaram diretamente para o CNPJ da empresa, orientando os demais a buscarem a Justiça.

Na manhã desta quinta-feira (20), Marcelo e funcionários foram flagrados retirando a marca da empresa da fachada do prédio.

O que diz o Detran

O diretor-técnico do Detran, Flavio Santos, orienta os clientes que não tiveram os serviços entregues a entrarem em contato com a autarquia através do e-mail faleconosco@detran.rs.gov.br para que cada caso seja analisado individualmente.

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