O ciclo de palestras organizado pela Associação Sulina dos
Criadores de Búfalos (Ascribu), nesta quinta-feira, 1º de setembro, durante a
45ª Expointer, abordou temas como avaliação genética, inseminação artificial de
búfalos e o futuro da proteína animal no Brasil. Na primeira apresentação, o
presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Criadores de
Búfalos( ABCB), Otávio Bernardes, falou sobre o programa de avaliação genética
da entidade, criado em março deste ano.
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O programa permite ao criador conhecer o potencial genético do seu rebanho e
possui um custo entre R$ 18,00 e R$ 20,00 por animal ao ano, dentro de um
rebanho que vai avaliar a sua cria e o touro. Bernardes salientou que “o modelo
proposto permite que se enxergue o gene do animal e isso favorece a sua maior
eficiência”. Para participar, além do valor anual, dependendo do número de
animais, é necessário ter balança e balde ou sistema de ordenha com medidor
para o leite, balança individual para animais, no caso de cortes, brincos,
tatuagens ou chip para a identificação única e definitiva e capacitar a mão de
obra para coletar os dados de maneira correta e eficiente.
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O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra foi o responsável pelo segundo
painel da tarde, que tratava sobre os cenários para a proteína animal
brasileira. Logo na abertura, ele destacou as qualidades do país que favorecem
a produção agropecuária, como a abundância de recursos naturais, além de status
sanitário. “Aqui não tem o que não dê. Um monte de fatores nos permitem
plantar. É clima, é solo, é status sanitário. O Brasil não tem influenza
aviária, peste suína africana. O mundo inteiro está repleto disso e nós somos
território livre de IA e PSA”, valorizou.
Turra apresentou dados bastante positivos – e menos divulgados – sobre o setor.
Entre eles, o fato de a cadeia do frango, sozinha, gerar 4 milhões de empregos
diretos e indiretos, e de ter tido um incremento de receita de 33,6% entre
janeiro e março de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado. Ele
também apresentou uma projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal
(ABPA) que coloca o Brasil na liderança mundial da produção de alimentos no
período 2026-2027, prevendo que a participação nacional será de 41% do mercado
global.
Na ótica do ex-ministro, esses dados são uma sinalização positiva para os
criadores de búfalos. Ainda que o rebanho bubalino seja pequeno diante do
gigantismo da bovinocultura – 2 milhões de cabeças de búfalos contra 210
milhões de gado -, Turra acredita que a receita para crescer está na qualidade
do produto.
“Mesmo que o consumo interno absorva tudo, aconselho os produtores a
trabalharem pela excelência do produto para abrir mercados. Isso será
importante para estimular o aumento da produção interna. Uma carne de búfalo
possui características nutritivas e particularidades que a tornam superior à
carne bovina. Ela tem 40% menos de colesterol, 12% menos de gordura, 55% menos
calorias o que hoje é um chamarisco, porque todo mundo quer manter a forma
física; e 11% a mais de proteína e 10% a mais de minerais. Essa é uma carne
nobre, especial, rara que está pouco difundida”, afirmou, recomendando ainda
que a busca pelo mercado interno e externo ocorram ao mesmo tempo, e que os
produtores se apresentem no exterior vendendo a superioridade do búfalo e seus
derivados.
O pesquisador e médico veterinário William Gomes Vale deu continuidade ao ciclo
de palestras, onde apresentou a História de Inseminação Artificial no Brasil.
Vale destacou que a primeira inseminação artificial reconhecida no Brasil foi
em 1984 e apresentou alguns dados importantes para que a inseminação seja
realizada com sucesso. Conforme o pesquisador, “a boa nutrição do animal é
muito importante e dentro do escore de condição corporal (1 a 5) é necessário
que fique acima de três”. Ele ainda ressaltou os requerimentos básicos para a
prática, além da nutrição, o manejo, a sanidade, o sêmen e a equipa técnica.
No encerramento das palestras, foram apresentados os trabalhos de duas
mestrandas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A zootecnista
Mariana Tavares abordou a Caracterização da Bubalinocultura de Corte no Rio
Grande do Sul, onde coletou dados com 32 pecuaristas do Estado, onde foi concluído
que 91% trabalha apenas com corte, 6% com atividade mista e apenas 3% com o
leite e que o quilo vivo do bubalino é praticado na média de R 15,60.
Já Vitória Di Domenico, mestranda em Microbiologia e Meio Ambiente, abordou a
produção do queijo colonial bubalino. Vitória salientou que o leite bubalino é
o segundo mais produzido no mundo, ficando atrás apenas do leite de vaca. A
mestranda enfatizou que 5 litros de leite produz 4 peças de queijos com 236
gramas e isso representa um rendimento médio de 18,9% acima em comparação com a
produção de leite bovino.
Texto: Tatiana Py Dutra e Leandro Prade