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Cidadania italiana: Itália limita concessão a netos de nascidos no país

Anteriormente, quem pudesse comprovar ancestral italiano vivo após 17 de março de 1861, poderia solicitar a cidadania

A Itália reforçou suas leis de cidadania nesta sexta-feira (28), restringindo drasticamente a possibilidade de descendentes distantes de italianos obterem o passaporte do país. A medida visa combater o que o governo considera um abuso do sistema e a “comercialização” da cidadania italiana.

Cidadania Italiana: Itália limita concessão a netos de nascidos no país

Anteriormente, qualquer pessoa que pudesse comprovar ter um ancestral italiano vivo após 17 de março de 1861 (data da criação do Reino da Itália) poderia solicitar a cidadania. Essa regra gerava uma grande demanda por passaportes italianos, especialmente na América do Sul, para onde milhões de italianos emigraram nos séculos XIX e XX.

Com a nova lei, a cidadania ius sanguinis (“direito de sangue”) será concedida apenas até a segunda geração de descendentes diretos, ou seja, apenas filhos e netos de cidadãos nascidos na Itália poderão solicitar o passaporte italiano.

O Ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, justificou a mudança afirmando que o sistema estava sendo abusado, com consulados no exterior sobrecarregados com pedidos de passaportes, que oferecem entrada sem visto em um grande número de países. “Ser cidadão italiano é algo sério. Não é um jogo obter um passaporte que permita fazer compras em Miami”, declarou Tajani.

O consulado italiano, em comunicado, afirmou que o objetivo é “valorizar o vínculo efetivo entre a Itália e o cidadão residente no exterior”. A reforma ocorrerá em duas fases: a regra da cidadania restrita a duas gerações entra em vigor imediatamente, e, posteriormente, haverá uma reforma mais ampla dos requisitos e procedimentos. Todos os agendamentos nos consulados foram suspensos devido às novas regras.

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Aumento da Cidadania italiana e “Comercialização”

O Ministério das Relações Exteriores italiano observou um aumento significativo no número de pessoas no exterior recebendo cidadania italiana, principalmente na América do Sul. Entre 2014 e 2024, o número de italianos vivendo no exterior aumentou em 40%, muitos se registrando graças à nova nacionalidade. Na Argentina, os reconhecimentos de cidadania saltaram de 20 mil em 2023 para 30 mil em 2024, e no Brasil, de 14 mil para 20 mil.

Tajani criticou empresas que lucravam ajudando pessoas a rastrear ancestrais distantes e obter certidões de nascimento, sobrecarregando os escritórios municipais. Ele afirmou que os pedidos de nacionalidade serão, no futuro, tratados diretamente em Roma.

A Itália enfrenta um declínio demográfico, com uma população de cerca de 59 milhões de habitantes. Sob as regras antigas, estima-se que entre 60 e 80 milhões de pessoas em todo o mundo eram elegíveis para a cidadania italiana. A primeira-ministra Giorgia Meloni chegou a sugerir que a Itália poderia buscar cristãos de ascendência italiana em países como a Venezuela para combater o declínio populacional.

Críticos da cidadania baseada em ancestralidade distante argumentam que é injusto oferecer nacionalidade a pessoas sem conexão significativa com a Itália, enquanto filhos de imigrantes nascidos e criados no país, que falam italiano fluentemente, precisam esperar até os 18 anos para solicitar o passaporte.

Itália restringe acesso à cidadania para solicitantes por descendência | CNN PRIME TIME

Tags: Cidadania Italiana, imigração, Itália, Mudança, passaporte