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Comunidade do carnaval de Porto Alegre questiona prefeitura da capital por privilegiar San Patrick”s Day

Foto: Reprodução/UFRGS
Foto: Reprodução/UFRGS

A comunidade do Carnaval questiona a prefeitura de Porto Alegre por privilegiar a realização de festas de tradição europeia em Porto Alegre, como a Saint Patrick’s Day, ainda durante a pandemia, em detrimento da festa popular brasileira. 

O executivo municipal adiou por mais de uma vez o desfile das escolas de samba com argumento da pandemia, mas liberou eventos como a festa de origem Irlandesa para dez mil pessoas no quarto distrito na capital, o que gerou críticas por parte de pesquisadores do carnaval e dá comunidade carnavalesca, que se envolve na produção da festa

A reportagem da Acústica FM ouviu pesquisadores e especialistas da área.

O pesquisador da cultura Afro-gaúcha e do Carnaval de Porto Alegre; Figurinista, autor de enredos e aderecista; carnavalesco da Sociedade Beneficente e Carnavalesca Realeza, Luiz Augusto Lacerda considera que a prefeitura agiu com preconceito ao Carnaval por dar prioridade a festas de outras culturas.

“O que é do negro, é do povo, é do pobre, ele não merece a atenção de quem acredita que o povo não tem vez. Daí o Carnaval não pode acontecer porque estamos festejando a vida, mas o Universo Alegria pode, a festa de São Patrício pode, tudo pode, esse festival que aconteceu ontem não tem nem origem Brasileira”, afirma o pesquisador.

Já o pesquisador Deivison Campos, professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), aponta que o carnaval de Porto Alegre já vem em crise com o poder público há bastante tempo, perdendo espaço e recursos. 

Deivison corrobora com a ideia de que a festa popular foi deixada de lado em relação a outros eventos na capital.

“No que se que refere a pandemia tem se observado que o Carnaval tem sido preterido frente a outros eventos na cidade, porque havia uma data que foi cancelada com a promessa de que aconteça no mês de maio”, destaca o professor

Outro ponto levantado por Deivison é a questão racial: “Essa é uma forma como o chamado “racialismo se mostra, não necessariamente o racismo, mas racialismo, ou seja, a gente estruturar e pensar a organização social a partir das raças. E daí se valora uma manifestação que tem origem na Europa que dentro das relações raciais do mundo, tem tido essa proeminência de privilégios, se a gente for olhar de uma forma mais analítica, é aquilo que se chama de privilégio branco, analisa, Campos.

A professora de História Helena Cattani, que também é uma pesquisadora da área, aponta que o Carnaval ao longo dos anos tem sido afastado da região central da cidade.//// 

“Essa festa foi afastada durante 30 anos das regiões centrais de porto Alegre e está cada vez mais à margem da cidade, cada vez mais afastada do centro”, critica a professora.

Questionado pela reportagem da acústica FM sobre o tema, prefeito Sebastião Melo Nega que a prefeitura tenha privilegiado outras festas e disse que o carnaval está mantido em maio.

“Ontem estive no lançamento do carnaval e evento vai sair lá no porto Seco com a mesma responsabilidade que outros eventos estão feitos em Porto Alegre, não pode ter exceção, outros eventos estão acontecendo ao longo do tempo e aí você não pode dizer que o Carnaval não vai acontecer, porque daí é preconceito, disse Melo.

Depois de cancelar o desfile das escolas de samba em 2021, devido à pandemia de Covid-19, o Carnaval de Porto Alegre 2022 teve seu lançamento oficial em um evento virtual nessa quinta-feira (17).

A festa na Capital, que estava prevista para ocorrer entre 18 e 20 de março, como parte das comemorações dos 250 anos da cidade, foi transferida para os dias 6, 7 e 8 de maio.