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Conveniência e comunicação para impulsionar a carne gaúcha

Foto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective
Foto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective

Perda de consumidores e de valor agregado ao produto. E o
desafio de comunicar o fato de que a pecuária gaúcha está entre as mais
sustentáveis e produtivas do mundo. Esses foram alguns dos assuntos tratados na
manhã desta quinta-feira, 1ª de setembro, durante o painel O Futuro da
Pecuária
, promovido pelo Instituto Desenvolve Pecuária, durante a programação
da 45ª Expointer. O evento ocorreu no auditório da Federacite e teve a presença
do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e da zootecnista Andrea
Mesquita, CEO do Território da Carne.
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Com o tema “Tendências e Perspectivas do Novo Consumidor de Carne”,
Andrea enfatizou a necessidade de o setor compreender os desejos e anseios de
seu público-alvo, reaprendendo a se comunicar com ele. “Estamos perdendo
consumo de carne para os próprios consumidores de carne, não para os veganos.
As pessoas simplesmente estão optando por comer produtos mais convenientes, que
tenham um apelo a saúde maior. Nós estamos vendendo para o consumidor do
passado”, pontuou.
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Segundo ela, três tendências são destaque no mercado de carne bovina:
conveniência, conexão humana e saúde e bem-estar. Para a zootecnista, os
produtores de carne pecam ao acreditar que o comprador não pagará mais caro por
praticidade. “O que vende carne não é a característica, é benefício – 40% dos
consumidores querem conveniência e não sustentabilidade, raça, origem”,
afirmou.
Ainda de acordo com Andrea, 79% dos consumidores de carne preferem comprar
marcas que tenham presença nas redes sociais e consideram que o relacionamento
online impacta na fidelidade. Já com relação ao bem-estar, a especialista
afirma que está atrelado às preocupações do consumidor com a saúde. “Temos de
associar o produto com o que de fato a população busca, informar que 150 gramas
de carne tem 35 gramas de proteína, além de ensinar a descongelar e a
preparar”, explicou.
Cenário mundial do agro
A segunda palestra foi com engenheiro agrônomo, professor, produtor rural e
ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que abordou o cenário mundial do
agro e as oportunidades para o Brasil nos próximos anos. Rodrigues destacou o
rápido desenvolvimento do setor no país a partir da década de 1970, quando 30%
dos alimentos consumidos internamente eram importados – em menos de 50 anos o
quadro se inverteu e o campo brasileiro exporta comida para cerca de um bilhão
de pessoas.
Diante desse cenário, foram apontadas algumas tendências para a pecuária de
corte inserida no contexto geral do agro. Insumos biológicos, melhoramento
genético, integração com lavoura e denominação de origem deverão ser pontos de
atenção para os produtores. Para que esse futuro promissor se realize
plenamente, Rodrigues apontou desafios urgentes que precisam ser encarados com
seriedade pelos governos e pelo setor produtivo. “Os temas são bastante óbvios.
Precisamos de uma estratégia que contemple questões como logística e
infraestrutura, ciência e tecnologia, políticas para abrir e estabelecer
mercados em acordos comerciais bem feitos e também precisamos investir muito em
sustentabilidade, pois sem isso não haverá mercados”, completou o ex-ministro.
Na parte final do evento, o dirigente do Desenvolve Pecuária, João Ghaspar de
Almeida, chamou dois produtores rurais com histórico destacado no setor para
compartilhar suas experiências. O primeiro a falar foi o pecuarista Celso
Jaloto, que, para fugir do saturado mercado local, decidiu vender a genética do
gado gaúcho fora do Estado e no Exterior por meio de leilões, comercialização
de embriões e rodadas de negócios. Já o agropecuarista Gabriel Fernandes contou
da bem-sucedida história da Estância Santa Maria, em Pedras Altas (RS),
considerada modelo pela eficiência do consórcio lavoura-pecuária, com criação
de bovinos e bubalinos e uso da irrigação.

Texto: Tatiana Py Dutra e Patrícia Lima/AgroEffective