Adoecimentos mentais têm crescido mundialmente e já estão entre as principais causas de incapacitações no século 21. Especialmente a depressão, tida como fator de maior risco de suicídio em todo o mundo. O Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, foi instituído em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental.
No Rio Grande do Sul, além da depressão e transtornos de humor, é também fator preocupante o uso de álcool e outras drogas, em especial o crack, “por toda a questão social envolvida”, informa a especialista em saúde Marilise Souza, que atua na Política Estadual de Saúde Mental da Secretaria da Saúde (SES). Segundo ela, é elevado o número de usuários de álcool em solo gaúcho, que se revela “um adoecimento mais crônico, contínuo, ao longo da vida”.
Marilise destaca que o papel da secretaria é incentivar a implantação da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), composta de dispositivos que atendam aos municípios, com papel de cofinanciar os serviços, bem como fazer o monitoramento e avaliação e capacitar os profissionais. “O objetivo é fazer com que os serviços estejam nos municípios e funcionem bem”.
Mas um problema, diz, é que a maioria dos municípios gaúchos é de pequeno porte e não tem os mecanismos especializados, que são os Caps (Centro de Atenção Psicossocial). “É uma característica do nosso Estado, 75% municípios gaúchos tem menos de 15 mil habitantes e este serviço é para municípios maiores”.
Algumas regiões, portanto, têm vazios de atendimento porque não tem população suficiente. Nestes casos, entram os NAB (Núcleo de Apoio à Atenção Básica) e os Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), de responsabilidade do Ministério da Saúde. Tratam-se de equipes especializadas que dão o matriciamento para a atenção básica que é, em geral, a porta de entrada para os serviços.
Dependendo da gravidade do sintoma, o usuário pode ter acesso a outros serviços da rede. Quando há riscos e necessidade de internação, são acionadas as instituições hospitalares. Marilise destaca que o usuário de saúde mental tem uma característica específica, as reinternações. “Por isso é importante a rede articulada”.
Além disso, há unidades de acolhimento nos municípios para reabilitação, onde os usuários podem ser atendidos após desintoxicação. Outra estratégia utilizada na atenção à saúde mental é a chamada redução de danos, que são práticas adotadas para reduzir os danos associados ao uso/dependência de drogas.