Edegar Pretto toma posse como articulador nacional da Aliança ElesPorElas, da ONU Mulheres

Em reconhecimento à sua trajetória pública de 15 anos dedicada à conscientização de homens para enfrentamento da violência contra as mulheres e meninas, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, foi oficialmente designado pela ONU Mulheres como articulador nacional da Aliança HeForShe (ElesPorElas). A iniciativa é inédita: Pretto é o primeiro homem a assumir essa missão no Brasil. A cerimônia de posse foi realizada nesta quarta-feira (28), na Casa da ONU em Brasília, com a presença da representante interina da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino.

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O evento marcou a retomada do movimento HeForShe no país, que há uma década mobiliza homens e meninos como aliados na promoção da igualdade e no combate à violência contra as mulheres e meninas. Com forte atuação na causa desde sua passagem pelo parlamento gaúcho, como deputado e presidente da Assembleia Legislativa, Pretto agora leva sua experiência e articulação política para o cenário nacional e internacional, ocupando uma posição estratégica no esforço global da ONU Mulheres.

“Ser nomeado articulador nacional da Aliança HeForShe é um marco na minha trajetória e um reflexo de muitos anos de caminhada ao lado dos movimentos sociais. Anos de escuta, de aprendizado com as mulheres, de atuação para conscientizar os homens e enfrentar as violências que elas sofrem. Essa nova etapa é um chamado à ação. Quero mobilizar empresas, cidadãos e, especialmente, homens públicos dispostos a ouvir, refletir e agir com responsabilidade para enfrentar a epidemia de violência contra as mulheres e meninas”, destacou Pretto.

A nomeação de Pretto foi chancelada pelo escritório da ONU Mulheres em Nova York, seguindo um criterioso processo de avaliação. Ele vai promover o conceito de masculinidades transformadoras e liderar esforços para engajar homens, meninos, figuras públicas, empresas e organizações, atuando como porta-voz da causa. A ideia é ampliar a mobilização para que homens públicos assumam o compromisso de enfrentar a violência contra as mulheres e meninas e implementem ações em suas instituições.

A cerimônia foi prestigiada por autoridades como a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a secretária-executiva dos Direitos Humanos, Janine Mello, e representantes de organizações nacionais e internacionais, embaixadas da Finlândia, Irlanda, Luxemburgo e Áustria, além de membros da ONU, parlamentares, lideranças sociais e convidados ligados à pauta dos direitos humanos e da igualdade de gênero. Também marcou presença o cantor e ativista Thedy Corrêa, da banda Nenhum de Nós — integrante do Comitê Gaúcho ElesPorElas.

Trajetória de Pretto na conscientização de homens contra a violência

A trajetória de Pretto nessa causa tem raízes familiares. Sua inspiração veio da mãe, Otília Pretto, agricultora que educou seus oito filhos com base em princípios de justiça social, respeito às mulheres e compromisso com a equidade — valores que moldaram a atuação política do filho e se refletem em iniciativas pioneiras implementadas no Rio Grande do Sul e reconhecidas em âmbito nacional.

Ao longo de três mandatos como deputado estadual, Pretto consolidou sua atuação no enfrentamento à violência contra as mulheres e meninas. Em 2011, criou a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A iniciativa conferiu à Assembleia Legislativa gaúcha o título de primeira no país a institucionalizar um espaço voltado ao engajamento de homens na causa. Todos os deputados homens daquela Legislatura aderiram à proposta.

Em 2013, a convite da então secretária de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, Eleonora Menicucci, Pretto foi o único homem a integrar a delegação brasileira na Comissão sobre o Status da Mulher (CSW), da ONU, em Nova York — evento anual que discute a situação das mulheres no mundo. Em 2017, como presidente da Assembleia Legislativa, recebeu o aval da ONU Mulheres para fundar o Comitê Gaúcho Impulsor ElesPorElas — o único comitê local do tipo reconhecido globalmente pelas Nações Unidas.

Através da Frente e do Comitê, Pretto promoveu diversas campanhas de conscientização, em parceria com o setor público e privado. Uma das mais expressivas foi a “Máscara Roxa”, que permitia que mulheres em situação de violência fizessem denúncias de forma sigilosa em farmácias, durante a pandemia. Algumas outras campanhas foram: “Futebol Sem Assédio”, voltada a torcedores em estádios de futebol; “Verão Sem Machismo”, direcionada a frequentadores de praias gaúchas; e “Fim da Linha para a Violência contra as Mulheres”, com foco nos usuários dos Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb).

Pretto também é autor da lei que estabelece o uso de tornozeleira eletrônica em agressores de mulheres, complementando as medidas protetivas contra a violência doméstica, além da lei que instituiu o 6 de dezembro como o Dia Estadual de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres no Rio Grande do Sul.

Em 2023, Pretto assumiu a presidência da Conab, em Brasília, e levou para dentro da estatal o debate sobre igualdade e enfrentamento da violência contra as mulheres, promovendo com ações de formação e conscientização. A Companhia ampliou a licença paternidade de 5 para 20 dias, para que os pais possam ser ativos em seu papel. A Conab também faz parte do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça e é signatária do Pacto pela Diversidade das Empresas Estatais.

Em 2024, Pretto lançou o Manifesto Nacional de Homens Públicos pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas, que recebeu a adesão do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e mais de 100 autoridades públicas de diferentes regiões e esferas institucionais do país.

O HeForShe (ElesPorElas)

Lançado mundialmente pela ONU Mulheres há uma década, o movimento HeForShe mobiliza homens e meninos como aliados na promoção da igualdade de gênero e no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas. No Brasil, essa plataforma internacional se concretiza na Aliança HeForShe, que atua junto à sociedade e instituições públicas e privadas, em um esforço coletivo para transformar masculinidades patriarcais, financiar ações de mobilização e viabilizar ações de inclusão nos diversos setores sociais.