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Em um ano, a Polícia Civil gaúcha retirou R$ 67,5 milhões do crime organizado

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Somente em 2017, as ações da Polícia Civil no Estado resultaram nas apreensões, ou bloqueios, de R$ 67,5 milhões entre dinheiro e bens móveis e imóveis do crime organizado. Segundo estimativas da polícia, este valor é três vezes maior do que o movimentado em quatro anos pela facção criminosa liderada que era por Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, alvo da Operação Laranja Mecânica, há dois anos, e que atua no tráfico de drogas da região central de Porto Alegre. Ou ainda, quase cinco vezes os R$ 14 milhões estimados pela polícia em prejuízo direto ao tráfico com as 11 toneladas de drogas apreendidas pelo Denarc em 2017.

De acordo com o chefe de polícia, delegado Emerson Wendt, o valor equivale à metade do custeio anual da corporação — sem considerar a folha de pagamento —e agora é visto como uma alternativa importante para futuros investimentos em materiais à própria Polícia Civil.

A lei federal 12.683/2012, que trata dos crimes de lavagem de dinheiro, prevê a alienação antecipada de bens apreendidos, mesmo antes dos processos julgados em primeira instância. No Rio Grande do Sul, no entanto, ainda é um desafio reverter apreensões, sobretudo em dinheiro, antes do encerramento dos processos judiciais.

— Criamos um grupo gestor de recuperação de artigos para estreitarmos o diálogo com o Judiciário no entendimento de que esses valores podem ser revertidos para a Polícia Civil de maneira mais ágil. A ideia é que os valores sejam revertidos ao Fundo Estadual da Segurança Pública, em uma conta vinculada à Polícia Civil comprometidos para investimentos na região, ou no departamento, responsável pela apreensão. Poderemos abrir licitações para viaturas, armas, reformas e outras melhorias materiais — projeta Wendt.

O dado, apresentado na manhã desta quarta-feira (31), como parte do balanço da eficiência policial em 2017, tende a aumentar ainda mais em 2018. Isso porque o número de inquéritos abertos pela Polícia Civil, por lavagem de dinheiro, saltaram de três para 16 em um ano — alta de 433%. Somente nos últimos meses de 2017, a recém criada delegacia especializada atacou duas das maiores facções criminosas com atuação na Região Metropolitana. Na Operação Quebra-Cabeça, foram bloqueados R$ 11 milhões entre bens e valores. Já na Operação Ruína, outros R$ 6,4 milhões.

No ano passado, 14 armas oriundas do tráfico de drogas foram entregues à Polícia Civil, assim como 53 veículos apreendidos foram incorporados e transformados em viaturas. O uso de casas apreendidas em ações contra criminosos já não é novidade para a polícia. 

— É uma mudança de paradigma que pretendemos aprofundar ainda mais em 2018. Temos uma meta de que, em cada região do Estado, tenhamos pelo menos um inquérito de lavagem de dinheiro no ano. Estrangulando financeiramente as organizações criminosas, a consequência direta é a redução de outros índices criminais — avalia o delegado.

Os números

Em 2017, a Polícia Civil remeteu 377,2 mil procedimentos, que incluem inquéritos policiais e termos circunstanciados, à Justiça. É o maior índice desde 2014, quando o dado passou a ser divulgado detalhadamente pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Em 75% dos casos, havia elucidação, uma alta de 5,2% em relação a 2016.

— Já havíamos anunciado a redução da maior parte dos índices de criminalidade no Estado. Aliados aos dados de eficiência da Polícia Civil, aqueles números demonstram que o crime não compensa aqui. Continuaremos investindo na segurança pública, principalmente em inteligência, como no combate à lavagem de dinheiro. O crime não é mais como antigamente, hoje ele atua em diferentes setores da sociedade, com verdadeiros profissionais. As ações de segurança precisam acompanhar esse ritmo — afirma o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer.

O número de operações policiais teve um salto de 45,1% em relação a 2016. Foram 952 ações desenvolvidas pela Polícia Civil em 2017. Uma das mais eficientes, e que contou com outros órgãos estaduais, foi a Operação Pulso Firme, que isolou em penitenciárias federais algumas das principais lideranças de facções criminosas gaúchas. De acordo com Schirmer, esta ação não é considerada encerrada.

— O trabalho de inteligência prossegue e continuamos permanentemente avaliando a possibilidade de novas remoções de lideranças. Tivemos um impacto muito positivo nas ruas — diz o secretário.