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Em um mês sem líderes de facções, latrocínios e homicídios têm redução no Rio Grande do Sul

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Os 31 dias de agosto, com 27 líderes de facções gaúchas isolados em três penitenciárias federais, apresentaram redução nos índices de pelo menos seis crimes graves em relação ao mesmo período do ano passado. Homicídios, latrocínios, assaltos e furtos em geral e roubos e furtos de veículo, tiveram queda após a transferência dos criminosos em 28 de julho, na Operação Pulso Firme.

Em agosto, 166 pessoas foram assassinadas no Estado, enquanto no mesmo mês de 2016, foram 214 — o que representa queda de 22%. A média, ainda assim, é de cinco mortes por dia. No ano anterior, aproximava-se de sete. Mesmo assim, 2017 apresenta números alarmantes, como os de janeiro, quando 294 pessoas foram assassinadas — sendo 199 na Grande Porto Alegre.

Os latrocínios também tiveram redução em agosto, com oito registros. Foram 20% a menos de casos do que em 2016, quando 10 pessoas foram mortas em assaltos.

Para o professor de Tecnologia em Segurança Pública e Gestão Pública da Feevale Charles Kieling, os índices de criminalidade têm períodos de crescimento e de redução ao longo dos anos.

— Se olhar um histórico dos anos anteriores vamos encontrar o mesmo fenômeno da redução da criminalidade e em outros de aumento. Os governos se aproveitam desse cenário para dizer que estão dando uma resposta.

O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Mário Ikeda, defende que, além das transferências dos apenados, outras medidas contribuíram para a queda nos índices.

— Foram tomadas várias ações desde o início do ano. Foi definido pelo aumento do policiamento em Porto Alegre — afirma.

Em março, 350 policiais foram destacados do Interior para reforçar a Região Metropolitana até a formação da nova turma de policiais militares, no fim de julho. Quando os 1.018 policiais foram graduados, a maior parte permaneceu na Capital.

— O que vejo como principal é a percepção de segurança, com mais policiais militares a pé. Conseguimos também fazer uma repressão para diminuir um pouco os dados estatísticos que estavam bastante ruins —analisa.

Chefe da Polícia Civil, o delegado Emerson Wendt acredita que a transferência dos líderes impactou na redução das execuções. O policial afirma que a corporação segue atenta aos desdobramentos desses grupos criminosos.

— Nosso objetivo continua sendo acompanhar as facções, monitorar. Na parte dos homicídios, continuamos trabalhando na questão da elucidação, para chegar aos autores e prendê-los. Isso é um processo contínuo — explica.

Média é de 221 roubos por dia no Estado

Com 6.881 assaltos em agosto de 2017, a redução em relação ao mesmo período de 2016 (8.093 casos) foi de 15%. Ainda assim, os índices apontam para uma média de, pelo menos, 221 roubos por dia no Estado. No primeiro semestre de 2017, foram 46,1 mil assaltos contra 45,2 mil no mesmo período de 2016.

Os roubos de veículos, que aumentaram no primeiro semestre (3,1% em comparação o mesmo período), tiveram queda de 6% em agosto. Os furtos de carros apresentaram a maior redução: 30%, com 1,3 mil automóveis levados por ladrões.

Os aspectos econômicos, destaca Kieling, também devem ser levados em conta ao analisar índices de criminalidade.

— São vários os fatores que ocasionam a redução ou aumento na sazonalidade. A geração e emprego e renda é um deles. O governo não costuma levar isso em conta e acaba criando esses fantasmas que vão se desmanchar. Se olhar agora, as pessoas que não olham os números de forma científica, vão dizer que deu resultado. E no primeiro mês que começar a aumentar como fica? — questiona o especialista.

Ainda que a Pulso Firme tivesse como objetivo desarticular os principais líderes das facções, o subcomandante-geral da Brigada Militar pondera que a criminalidade tem poder de se reestruturar.

— Sabemos que o crime tem essa capacidade de se reorganizar e migrar. Temos que estar sempre atentos e buscar alternativas — diz Ikeda.