Em cerimônia com educadores no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff fez ataque direto ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) e classificou o momento político como “tempos de golpe, de farsa e traição”. Segundo Dilma, o vazamento de áudio em que o peemedebista simula um discurso após aprovação da abertura do processo de impeachment comprova que está em curso no país uma tentativa de golpe.
“Ontem, utilizaram a farsa do vazamento para difundir a ordem unida da conspiração. Agora conspiram abertamente à luz do dia para desestabilizar uma presidente legitimamente eleita”, disse ela ao citar “dois chefes do golpe que agem em conjunto e de forma premeditada”. Dilma não citou nomes, mas fez referência clara ao vice e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificados como “chefe e vice-chefe do golpe”.
“Confesso que fiquei chocada com a desfaçatez do vazamento. Vazando para eles mesmos, tentaram disfarçar o que era um anúncio de posse antecipada”. E ainda complementou: “Se ainda havia alguma dúvida da tentativa de golpe, de farsa, não há mais”.
Sobre a votação na Câmara para decidir se será aberto ou não processo de impeachment, ela disse que os próximos dias irão mostrar quem respeita a democracia. “E (vão mostrar) quem não se importa em destruir o regime democrático por meio da ilegítima destituição de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos”, completou ela.
No evento que reuniu educadores e estudantes, a presidente ainda destacou números positivos na educação para reforçar as conquistas de seu governo. Dilma citou a estudante de medicina pelo Prouni, Suzane da Silva, que estava presente no evento, como um exemplo do que foi feito pela inclusão na educação.
“Ela tem que ser vista com orgulho para toda a sociedade”, disse a presidente à universitária, que carregava um cartaz com a frase: “a casa grande surta quando a senzala vira médica”.
Na cerimônia, o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera, afirmou que os ministros do PMDB que também são deputados federais retornarão aos seus cargos na Câmara para votar contra o impeachment no plenário, no domingo.
Ontem, a comissão especial que analisa o impeachment na Câmara dos Deputados aprovou o relatório do deputado Jovair Arantes, que recomendou a admissibilidade do processo. Foram 38 votos favoráveis e 27 contrários. Hoje, o resultado será lido em plenário.