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Família faz campanha para salvar vida de bebê com doença rara em Esteio

Aos três meses de vida, no inverno passado, Arthur foi levado ao hospital às pressas pelos pais, com problemas respiratórios. O bebê não conseguia puxar o ar dos pulmões, lembra a avó Elaine Nunes Dias, de 55 anos.

Mas o que era para ser apenas uma consulta médica virou uma internação e mudou a vida da família de Esteio, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

O menino piorou e sofreu uma parada cardiorrespiratória. Encaminhado à UTI, passou por uma série de exames e uma biópsia que três meses depois revelaram o que realmente era: Arthur tem atrofia muscular espinhal (AME) tipo I, uma doença degenerativa, que afeta a musculatura do corpo.

O bebê só mexe os expressivos e redondos olhos escuros. Aliás, mexe bastante. Observa de um lado a outro a movimentação de quem entra em seu quarto. E sorri, muito.

Enquanto fazem o que podem para amenizar as consequências que se tornam cada vez mais graves, submetendo o filho a frequentes sessões de fisioterapia e fonoaudiologia, os pais organizaram uma campanha para arrecadar dinheiro e importar do exterior um remédio que pode conter os avanços da patologia.

Nas redes sociais, eles mantêm a página “Ame o Tutu Bolinha”, uma referência à doença e ao verbo, junto ao apelido de Arthur.

A medicação em questão foi aprovada em dezembro do ano passado pela Food and Drug Administration (FDA), agência que regula alimentos e drogas nos EUA, mas ainda não tem prazo para chegar ao Brasil.

Resultados dos testes em crianças americanas mostraram que as aplicações podem ajudar Arthur a voltar a respirar sem aparelhos, a movimentar braços e pernas, a se alimentar pela boca. A ter uma vida normal.

Na véspera do aniversário de um ano, celebrado neste sábado (22), a família torce para que o desejo se transforme em presente. “A gente tem que lutar por esse medicamento antes que pare tudo. A evolução da doença é muito rápida e leva a maioria das crianças antes dos dois anos”, diz ao G1 a mãe Roberta Dias da Silva, de 31 anos.

Ela é proprietária de uma clínica de fisioterapia em Esteio e conta com o apoio do marido, o universitário Wagner Teixeira Weber, da mesma idade dela. Roberta trabalha até 12 horas por dia e atende pacientes em domicílio, e ele alterna o trabalho administrativo na clínica com o curso de fisioterapia à noite, na Ulbra, em Canoas.

Arthur é o segundo filho do casal, irmão de Bernardo, de quatro anos. Enquanto os pais estão fora de casa durante a semana, as avós se dividem nos cuidados com o caçula e contam ainda com uma equipe de quatro técnicas em enfermagem que revezam os horários, além de fonoaudióloga, três vezes por semana, e fisioterapeuta, duas vezes ao dia.

 

Em busca do tratamento

Diante dos resultados dos testes realizados nos EUA, os pais do menino procuraram associações e se engajaram em uma mobilização com famílias que também enfrentam o mesmo problema no Brasil. Via internet, um abaixo-assinado pede agilidade na disponibilização da droga no país. O documento deve ser entregue à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Porém, com o passar do tempo, as chances de sobrevivência de Arthur diminuem progressivamente. Por isso, a família decidiu tentar juntar o dinheiro para importar o medicamento, ao custo estimado de R$ 3 milhões.

Na página “Ame o Tutu Bolinha”, estão disponíveis informações de como ajudar. Além das doações pela internet, através de uma vaquinha online (clique aqui para ajudar), a família organiza rifas e brechós.

Cada dose custa R$ 500 mil, mas os efeitos só começam a aparecer depois das quatro primeiras injeções. Por isso, são necessárias ao menos seis aplicações.

“Essa medicação é um gene que ele não tem e que faz a conexão do neurônio com o músculo. As aplicações ocorrem por períodos, mas é uma necessidade para a vida toda”, explica a mãe.

Apesar do valor ser bastante elevado, a família tem esperança. “Ele nunca parou de rir. Desde o hospital, quando estava entubado, com sonda no nariz e tudo, ele ria. E é por ele que a gente vai lutar, sempre, pra manter o sorriso dele, porque ele pode parar de sorrir. Os músculos dele podem parar”.