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Fertilizantes: com guerra, Brasil vê chances de explorar potássio

Foto: Ilustração/Pixabay
Foto: Ilustração/Pixabay

A invasão russa na Ucrânia deve impactar o mercado de
fertilizantes potássicos, já que Belarus, um dos maiores fornecedores mundiais
da commodity, não apenas faz fronteira com os dois países em conflito, como o
seu presidente, Aleksandr Lukashenko, é um aliado do presidente Vladimir
Putin. 

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Em setembro de 2020, uma greve dos trabalhadores da estatal
bielorrussa Belaruskali ameaçou o fornecimento de potássio, inflacionando o
mercado. A empresa é responsável pela produção de 18% do potássio consumido no
mundo. 

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Além disso, a Rússia é outro player mundial, com a produção
concentrada próxima à região dos Montes Urais. Ou seja, as sanções econômicas
devido ao conflito atingem dois países que lideram a produção de um dos
principais insumos agrícolas, que forma, junto com o fosfato e nitrogênio, o
composto NPK.

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“O mercado do potássio entrou em alerta devido à guerra
Ucrânia/Rússia. A preocupação é com a elevação de preços e com o fornecimento
do insumo. Trata-se de uma questão de segurança alimentar”, explicou Marcio
Remédio, diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil
(SGB-CPRM). 

O SGB-CPRM participou da construção dos documentos que
subsidiaram o Plano Nacional de Fertilizantes, que prevê investimentos em
tecnologia, pesquisa e inovação para atenuar a alta dependência. 

No caso do potássio, a necessidade de importação pode cair
de 97% para 48% até 2050. Esse percentual considera o aumento da produção em
Sergipe, única mina em operação no país, somado aos projetos e estudos
existentes na Bacia do Amazonas e outras regiões sedimentares, caso eles
deslanchem nos próximos anos.

Os estudos são realizados pelo SGB-CPRM, que desenvolve
pesquisas geológicas em busca de alvos potenciais para a produção de potássio,
com foco na indústria de fertilizantes.

“Temos outras bacias sedimentares que
poderiam ser mais bem pesquisadas para encontrar novas reservas nacionais.
Precisamos investir em pesquisa”, alertou Remédio. 

O diretor cita como destaque o estudo na Bacia do Amazonas,
lançado em 2020, que identificou novas ocorrências e ampliou em 70% a
potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, como é
denominado o mineral cloreto de potássio, do qual se extrai o potássio. O
estudo identifica esses recursos como um depósito de classe mundial, semelhante
às maiores regiões produtoras. 

Os depósitos de potássio econômicos são ocorrências
geológicas extremamente raras, associados a antigas bacias sedimentares. A
partir de intensa evaporação, em antigos ambientes marinhos mais restritos, os
sais se concentram e precipitam de acordo com uma ordem de solubilidade, dos
menos para os mais solúveis. 

Nessa ordem, os sais de potássio e magnésio, mais solúveis,
são os últimos a se formarem. São condições específicas de grande evaporação.
No caso da Bacia do Amazonas, são resultado da evaporação de mares antigos, que
secaram entre 310 a 280 milhões de anos atrás. O potássio é uma commodity
estratégica mundial. Além de Belarus e a região dos Montes Urais, na Rússia, a
província de Saskatchewan, no Canadá, também lidera a produção mundial. 

Fonte: Brasil 61