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Fórum discute sustentabilidade em todas as pontas da cadeia produtiva da carne

Foto: Nestor Tipa Júnior AgroEffective/Divulgação
Foto: Nestor Tipa Júnior AgroEffective/Divulgação

 

Realizado neste sábado, 5 de novembro, durante o Universo
Pecuária, em Lavras do Sul (RS), o Fórum da Sustentabilidade da Carne Bovina,
organizado pelo Instituto Desenvolve Pecuária, reuniu todas as pontas da cadeia
produtiva. O público presente conferiu a visão dos produtores, da indústria e
do consumidor, além de conhecer o caso feito na produção pecuária do Pantanal.

Gestora da Fazenda Pulquéria de São Sepé (RS), a jovem
Fernanda Costabeber falou sobre a origem da família, ligada ao comércio e como
isso interferiu no negócio e no relacionamento com os clientes. “A gente vê que
muitos produtores não têm contato com o consumidor final e a gente tem. Para a
gente, o negócio é muito natural. Eu sempre digo que minha família veio do
comércio, a gente veio da cidade, então tratamos a pecuária como um comércio
realmente” conta a produtora. Segundo ela, a medida em que foram estreitando as
relações com os clientes, foram percebendo o que eles necessitavam. “A gente
foi aprimorando os nossos processos dentro da nossa propriedade. Acabamos
virando uma vitrine para isso e acho que é nosso dever também sempre mostrar o
melhor da pecuária gaúcha”, falou Fernanda.

Em sua fala, Fernanda Costabeber apresentou o que os
clientes consumidores da Pulquéria estão exigindo, falou um pouco dos
diferenciais da carne gaúcha e como agregar isso em relação à sustentabilidade.
“A gente tem uma baita oportunidade na mão e precisa saber como comunicar isso
para o público para agregar valor ao nosso produto”, garantiu, acrescentando
ainda que muitas vezes o produtor que produz com sustentabilidade e respeito ao
meio ambiente no Bioma Pampa “paga a conta” de irresponsabilidades realizadas
na Amazônia.

O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados
no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ladislau Böes, destacou que, assim
como produtores, a indústria precisa saber o que fazer para sobreviver diante
da baixa demanda de consumo de carne e da perda de poder aquisitivo da
população, que afeta diretamente o consumo da proteína. “Eu, que estou no setor
há mais de 30 anos, nos últimos dois, tudo que posso fazer é falar do passado,
pois não sabemos o que irá acontecer no futuro. Tem sido muito desafiador”,
desabafou. O dirigente ressaltou a importância de provocar essa reflexão sobre
o que será de toda a cadeia da carne bovina.

Sobre sustentabilidade, Böes disse que o tema é uma
preocupação notória desde o campo até a indústria. “Hoje a indústria tem uma
grande preocupação com a parte da sustentabilidade principalmente voltada na
parte ambiental, afinal, quem não estiver adequado, à legislação,  à Fepam 
e aos órgão de regulamentação 
como o Ibama, não trabalha”, afirmou. Segundo ele, o consumo  de água, reutilização,  tratamento da água,  e dos efluentes são temas de grande
preocupação da indústria. Não fica de fora o uso de energias renováveis. “Hoje,
todas as empresas estão no mercado livre comprando energias renováveis,
produzindo  muitas vezes sua própria
energia através de fotovoltaica.  Então,
a indústria  acordou e tem procurado se
adequar”, garantiu. Ladislau Böes também citou a sustentabilidade social e
econômica. “A indústria  frigorífica gera
muitos empregos diretos e indiretos. É grande nossa responsabilidade quanto a
isso”, complementou.

O gerente executivo da Associação Pantaneira de Pecuária
Orgânica e Sustentável (ABPO), Silvio Balduíno, apresentou a experiência da
coordenação da cadeia produtiva ligada ao Programa Carne Orgânica e Sustentável
do Pantanal. “O pecuarista, vive hoje, cada dia mais, a pressão da modernidade,
com relação à pegada de carbono, a conservação da biodiversidade, a produção em
harmonia com tudo isso”, disse o gestor. Segundo ele, o sucesso atingido pelo
programa foi em obter o domínio de dentro da porteira, fazer parcerias com a
indústria e também com o varejo. “São marcas que acreditaram no nosso modelo de
produção e que hoje colocam nossos produtos à disposição do produtor final.
Então, o trabalho que a associação tem feito é de manter essa cadeia alinhada,
o que não é fácil, são interesses muitas vezes conflituosos, divergentes, mas a
gente tem tido sucesso nessa manutenção do alinhamento da cadeia”, frisou.

Já Roberto Grecellé, da Prado Consultoria, levou ao Universo
Pecuária a essência de suas recentes viagens pelo Uruguai, França e São Paulo.
Ao aliar com seu conhecimento sobre mercados de luxo, da classe média e também
sobre a distribuição de carne de baixo valor agregado, o especialista
apresentou um cenário que culmina no que deve ser o mercado da carne, daqui
para frente. “A forma, a intensidade, a frequência com que nós nos alimentamos
e consumimos carne bovina está mudando, e eu não estou dizendo que está
aumentando ou que está diminuindo, porque existem vários mercados, mas o fato é
que está mudando,” garantiu. Grecellé fez apontamentos e alguns direcionamentos
para que produtores rurais e 
varejistas  tenham oportunidade de
enxergar o seu negócio dentro desta migração de rota. “Acredito que muito do
que está sendo ditado pelo que está acontecendo no consumo de carne no nível
global, tem a ver com os hábitos alimentares da população,  chamo isso de uma, talvez, mudança de rota
alimentar”, concluiu.  


Texto: Nestor Tipa
Júnior e Ieda Risco/AgroEffective