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Grêmio monta força-tarefa e amplia provas em julgamento que pode levá-lo à final da Libertadores

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O Grêmio foi surpreendido com a antecipação do julgamento do Caso Gallardo. Inicialmente marcada para sábado (3) à tarde, a análise será feita nesta sexta-feira (2), às 11h, no Tribunal de Disciplina da Conmebol, em Luque, no Paraguai. A mudança pegou o clube desprevenido, já que toda a logística estava preparada para sábado. Houve dificuldade até mesmo para encontrar um avião que levasse os seis advogados ao país vizinho.

Ainda que sobrem evidências de que o River Plate respaldou a decisão de seu treinador de entrar no vestiário no intervalo do jogo de terça-feira, e, portanto, seja passível de perder os pontos obtidos dentro de campo, um contexto favorável ao clube argentino já é percebido nos bastidores. O Grêmio acredita que veredito seja conhecido no final da tarde de sábado. Mas não descarta, dada a gravidade da decisão, que a sentença seja anunciada apenas no domingo.

Tão logo o Boca Juniors garantiu presença na final, surgiu o primeiro indício de que uma final argentina seria do agrado da Conmebol. Em sua conta oficial no Twitter, a entidade máxima do futebol sul-americano anunciou uma “histórica final” de Libertadores entre os rivais portenhos. Por isso, menos de duas horas depois, uma nova mensagem foi anexada seguida de um asterisco: “(*) Sujeito à decisão da Unidade Disciplinária com respeito à reclamação do Grêmio.”

Diário de maior circulação na Argentina, o Clarín prevê suspensão a Gallardo, que sequer poderia entrar nos dois estádios da decisão, e elevada multa ao River. Em nenhum trecho da matéria cogita que o Grêmio, perdedor em campo por 2 a 1, seja beneficiado com o placar de 3 a 0 no tapetão.

Estarão no tribunal na defesa do clube os advogados Nestor Hein, Jorge Petersen, Leonardo Lamachia, Henrique Soares e Guilherme Stumpf, além de um sexto, uruguaio, com trânsito na Conmebol. Um ex-membro da Comissão Disciplinar da Fifa, que falará por videoconferência, direto da Suíça, atuará como testemunha do Grêmio. O ex-dirigente, que ainda não teve o seu nome revelado, irá explicar aos julgadores como funcionam as punições para clubes e treinadores em casos similares nas competições disputadas em outros países do mundo.

Também o delegado da Conmebol escalado para a partida, e que flagrou Marcelo Gallardo ingressar no vestiário da sua equipe, poderá comparecer ao tribunal. O relatório da partida, em que é apontada a irregularidade, será utilizado como peça de defesa gremista. Diferentemente de outros julgamentos realizados no Tribunal de Disciplina, desta vez será permitido o contraditório. Ou seja, as partes envolvidas poderão se manifestar. O River, por exemplo, enviará advogado para fazer a defesa de seu treinador. Mesmo que seja possível apresentar recurso, não haverá tempo para julgamento antes das duas partidas, confirmadas pela Conmebol para os sábados 10 e 24 de novembro, às 16h.

Também embasarão a defesa do Grêmio imagens das câmeras da Arena que flagram a entrada de Gallardo no vestiário, uma entrevista do atacante Lucas Pratto destacando a importância das palavras do treinador no intervalo e a interferência do técnico para a entrada do jogador Scocco no segundo tempo.

Para Ronaldo Piacente, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), é fato que Marcelo Gallardo cometeu uma infração. O que ele considera improvável é a reversão do resultado de campo.

— Acho difícil anular. Acredito que o treinador sofrerá uma nova suspensão. O resultado de campo prevalece nesses caso. Seria diferente se o envolvido fosse um jogador — avalia Piacente, atual vice-presidente administrativo do STJD.

Outro especialista ouvido por Zero Hora, que pediu para não ter seu nome revelado, entende que o Grêmio tem argumentos “muito bons” para discutir. Observa que, se o julgamento só levasse em conta aspectos jurídicos, o clube já poderia se considerar finalista da Libertadores. Há, contudo, fatores extracampo.

— O próprio treinador reconhece a infração. Só que a condição logística também poderá pautar a decisão dos julgadores. Ao que parece, tudo já é preparado para que os dois jogos sejam realizados em Buenos Aires — afirma o jurista.

Conforme o repórter de GaúchaZH André Silva, a troca das datas — as originais eram 7 e 28 — surpreendeu o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior. Ele diz esperar que não se trate de um “pré-julgamento”, já que o Grêmio, por ter compromissos pelo Brasileirão dias 11, contra o Vasco, e 25, frente ao Vitória, precisaria ser consultado em caso de alteração. A modificação já era especulada pela imprensa argentina, uma vez que Buenos Aires receberá o encontro do G-20 e será necessário reforçar a segurança para os representantes políticos presentes.

Para Bolzan, o que está em jogo é a moralidade do futebol.

— Não vejo tecnicamente como não ser acolhida a reclamação. Também não quero dizer à torcida que estamos 100% certos, não temos o controle disso tudo. Só estou dizendo que, juridicamente, estamos seguros da matéria — afirma.