Search
[adsforwp-group id="156022"]

Hospital de Caridade de Canguçu pode fechar em outubro

img_12644_foto_1.jpg

Vinte e sete dias é o tempo máximo que a direção do Hospital de Caridade de Canguçu tem para conseguir um aporte de R$ 120 mil mensais. Sem este recurso extra a entidade será fechada a partir do dia 15 de outubro. A má notícia foi dada pelo gestor administrativo, Mário Luiz Ribeiro Fonseca, durante sessão na Câmara de Vereadores do Município, no sábado (16).

Mário Fonseca, que assumiu a função em junho, explica que dois novos pagamentos inviabilizarão as atividades do Hospital. Um deles, a primeira parcela do pagamento do 13º Salário de 2016 aos funcionários, deverá ser depositado quarta-feira. O outro, a primeira parcela da dívida com os médicos, está programado para 15 de outubro.

Segundo o gestor a receita é de R$ 950 mil, valor insuficiente para cobrir os custos dos serviços prestados. Além disto há um legado de dívidas em torno de R$ 25 milhões. Fonseca acrescenta que o crescimento vegetativo do déficit mensal da entidade é de R$ 200 mil. Estes R$ 120 mil a mais devem ser registrados nos próximos seis meses, tempo do parcelamento do 13º, que tem valor total de R$ 370 mil. A dívida com os médicos deve ser quitada em 48 parcelas.

A decisão da diretoria da entidade foi levada aos vereadores na quinta-feira. Fonseca conta que a sua presença na Câmara foi convocada para tratar de prestação de contas de contratos com a prefeitura. Mas que não poderia de deixar de falar sobre a decisão da diretoria. “Se não pagarmos os médicos eles serão os primeiros a parar. Não podemos pegar a comunidade de surpresa”, falou.

 

Desativação gradativa

Fonseca disse ao Diário Popular que neste momento a prefeitura não teria como aportar mais recursos. “Já recebemos informações de que o Estado, que está com os nossos pagamentos em dia, também não teria como fazer mais aporte de recursos neste momento”, disse.

Referência para municípios como Santana da Boa Vista e Morro Redondo, atualmente o Hospital de Caridade de Canguçu presta cerca de dois mil atendimentos ao mês no Pronto-Socorro. Ao mês, também tem de 50 a 60 pacientes internados e atende cerca de 20 partos.

De acordo com o gestor, se novos recursos não chegarem, a partir do dia 15 de outubro, serão suspensas as internações e os pacientes sem condição de alta serão encaminhados a hospitais de outros municípios da região. “Faremos a desativação aos poucos.”

Terça-feira a diretoria do Caridade irá se reunir com representantes da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Uma das possibilidades é que o hospital seja vendido. “Temos um investidor interessado na compra”, confirma Fonseca.

 

Sem surpresa

O vereador César Madrid (PP) disse que a Câmara recebeu a notícia com tristeza, porém não foi surpresa a decisão da diretoria do Caridade. Madrid diz que no momento não vê saídas para o impasse. “Não são só estes R$ 120 mil. O problema todo é uma dívida estimada em R$ 25 milhões. A situação é crítica”, avaliou.

O vereador disse que é preciso pagar a dívida toda para que o hospital se torne viável novamente. Pessimista quanto a uma possível ajuda do governo federal, Madrid contou que em 2016, ainda na gestão anterior da prefeitura, esteve com comitiva municipal em Brasília, onde foram recebidos pelo secretário do Ministro da Saúde. “Falei que o hospital corria risco de fechar e ouvimos do secretário que seria mais um. Eles não levam a sério a saúde.”

 

Extrema dificuldade

Por telefone, o prefeito Marcus Vinícius Müller Pegoraro (PMDB) confirmou a reuniãoterça-feira, mas adiantou que o município vive extrema dificuldade. “Temos trabalhado a construção de alternativas para o Caridade, mas a curto prazo não tem solução imediata”, disse.

Pegoraro reconhece a importância do hospital para região e diz que tem mantido ampla conversa com o Estado. “É um momento de dificuldade para todos.”

O prefeito lembrou que no início do ano Câmara de Vereadores e prefeitura remanejaram recursos no valor total de R$ 400 mil, R$ 280 do executivo e R$ 120 mil do legislativo para a entidade. “Hoje não tem como fazer novos remanejamentos de recursos”, falou. Há ainda a possibilidade de serem conseguidos R$ 451 mil, valor da consulta popular 2011/2012, que ainda está válida. “São recursos que não foram pagos, seriam ao menos um alento.”