Uma idosa de 84 anos foi encontrada em condições análogas à escravidão em uma casa na Zona Norte do Rio de Janeiro. Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, esse é o caso com o maior período de exploração já registrado no país. Ela trabalhou como doméstica por 72 anos para a mesma família, desde os 12 de idade.
Na época, a vítima foi levada por familiares dos patrões dos pais dela, com a promessa de estudar na capital, o que não aconteceu.
Atualmente, mesmo com idade avançada, ela continuava exercendo atividades laborais, principalmente como cuidadora da patroa, que também tem 84 anos.
O resgate foi feito por auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro e teve início no dia 15 de março. Ela foi encontrada dormindo em um sofá, em espaço improvisado como dormitório em local de acesso ao quarto da empregadora.
O trabalho foi considerado análogo à escravidão porque, entre outros fatores, havia vínculo de emprego sem pagamento de salários e sem férias durante mais de setenta anos. A trabalhadora doméstica também não podia manter contato com os familiares e o cartão e senha da aposentadoria dela estavam com o patrão.
De acordo com o Ministério do Trabalho, os auditores-fiscais notificaram o empregador do afastamento da empregada do ambiente de trabalho e da necessidade da assinatura da Carteira de Trabalho e do pagamento das verbas rescisórias. Segundo cálculos do Ministério, esses valores chegam a aproximadamente R$ 110 mil.
Somente este ano, cinco mulheres foram resgatados de trabalho escravo doméstico nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Sul. Em 2021, foram resgatados 30 trabalhadores nessa mesma situação, o maior número desde 2017.
Texto: Fabiana Sampaio/Agência Brasil