Peças vitais no esquema tático do Inter, os volantes Edenilson e Patrick fazem parte de uma das estratégias mais letais idealizadas pelo técnico Odair Hellmann para surpreender os adversários no Brasileirão. Bons marcadores, mas também com boa chegada à frente, os dois atletas são orientados a invadir de surpresa a área do time rival para confundir os zagueiros. A ideia tem dado certo.
— A gente sabe que os defensores normalmente se preocupam mais com os atacantes. Então, fica difícil acompanhar alguém que entra de surpresa. Por isso a gente procura entrar ali (na área) — revela Edenilson, autor do gol da vitória no Gre-Nal, em um lance exatamente assim, em que apareceu repentinamente na área gremista, livre de marcação.
A jogada costuma ser treinada por Odair nos treinos do dia-a-dia. A orientação é que o volante invada a área pelo lado oposto ao de onde está a bola. Por exemplo, se o time colorado está trabalhando pela direita, Patrick avança pela esquerda. No lado inverso, como foi no clássico, Edenilson é quem tem a missão de surpreender.
— Essa é uma jogada boa nossa. O nosso time trabalha isso, a infiltração do volante do lado contrário, para entrar de surpresa na área. É difícil marcar uma jogada assim. Para a defesa adversária, tenho total certeza que é muito dificil. Quando acontece isso, tanto o Edenilson quanto o Patrick acabam fazendo jogadas de perigo a nosso favor — detalha o lateral-esquerdo Iago.
Edenilson já marcou dois gols no Campeonato Brasileiro e possui duas assistências. Já Patrick balançou as redes quatro vezes e fez três assistências. No total, a dupla participou diretamente de 11 dos 31 gols colorados na competição.
— Esses jogadores que estão no centro do campo tem essa liberdade dentro do nosso modelo de jogo. Temos conseguido êxito nessas situações. Vamos continuar exercendo esse tipo de movimentação, porque realmente esse tipo de infiltração faz a diferença. É difícil para o adversário que usa como referência o atacante que está dentro da área, o da beirada e às vezes o meia. Mas o cara que vem de trás é sempre uma surpresa, e é uma jogada que se torna perigosa — detalha Odair Hellmann.
A origem da jogada protagonizada por Edenilson e Patrick nasceu antes mesmo da chegada dos dois atletas ao Beira-Rio. Responsável pela contratação dos dois volantes, o vice de futebol do Inter, Roberto Melo, revela que já buscava essa característica quando monitorava jogadores para essa posição.
— Essa é uma característica que eu, particularmente, sempre apreciei muito em jogadores de meio-campo, que fazem essa transição, chegam à frente e pisam na área. Se tiver uma boa conclusão, melhor. Sempre buscamos essa característica quando observamos jogadores. Foi assim quando buscamos o Charles Aránguiz, que dispensa comentários sobre a qualidade e a velocidade na sua transição. É um jogador completo da função — explica Melo.
Campeão do Brasileirão 2011, da Libertadores e do Mundial 2012, pelo Corinthians, Edenilson foi contratado em março de 2017, quando atuava pelo Genoa-ITA. Chegou antes do início da Série B e rapidamente se afirmou como titular. Já Patrick, que atuava no Sport, chegou sem alarde em janeiro de 2018 e, ao longo da temporada, se mostrou peça importante no esquema de Odair.
Segundo Melo, as infiltrações na área adversária foram decisivas para o Inter escolher os dois nomes para reforçar o seu elenco.
— No início do ano passado, fui até Gênova conversar com o Edenilson. Víamos nele essa característica de movimentação. Ele consegue quebrar linhas, chegar à frente e tem uma dinâmica muito boa. O Patrick também a gente foi buscar por essa característica. Ele vinha fazendo esse movimento lá no Sport. Esses jogadores dão uma consistência muito grande à equipe, e a gente sempre busca jogadores com essa característica. São jogadores que dão volume à equipe e se multiplicam dentro de campo — finaliza o dirigente.
Titulares absolutos de Odair, Edenilson e Patrick serão mais uma vez apostas coloradas para superar a defesa da Chapecoense, hoje, às 20h, na Arena Condá. Afinal, apesar da situação delicada na tabela, o time do oeste catarinense perdeu apenas uma partida em casa na competição, para o Palmeiras, por 2 a 1, no dia 2 de setembro, em um total de 11 jogos disputados em Chapecó.
