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Leite anuncia R$ 112 milhões para saúde, mas Famurs considera insuficiente o valor

Governo também condicionou aplicação do mínimo constitucional de 12% para área a acordo com MP-RS

Após pressão de prefeitos, o governo Leite anunciou, nesta segunda-feira, um investimento de R$ 112,6 milhões em ações para conter a crise na saúde no Rio Grande do Sul.

A divulgação das cifras ocorreu no anfiteatro Hugo Gerdau, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Parte do valor, R$ 12,6 milhões, será destinada aos municípios para atender demandas na atenção primária.

Os outros R$ 100 milhões são para aporte à rede hospitalar: R$ 40 milhões desse montante serão usados para a abertura de novos leitos clínicos e de UTI, e R$ 60 milhões, para aquisição de materiais e medicamentos.

Depois do evento, a presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul, Adriane de Oliveira, disse que o anúncio é importante, mas que o recurso ainda está aquém do necessário diante da pressão no sistema de saúde da região.

Dados apresentados pela Famurs ao Piratini, na semana passada, apontam para a necessidade de R$ 771,6 milhões em investimentos nas macrorregiões do Estado.

“É importante reconhecer esse anúncio inédito, mas é insuficiente frente a demanda que temos no momento. Vamos demandar também o reajuste da tabela SUS ao governo federal. Vamos cobrar para que o acordo com o MP-RS aconteça logo, porque os recursos vão fazer a diferença.

No evento, Leite e a secretária da Saúde do RS, Arita Bergmann, também abordaram o percentual mínimo de investimentos do governo estadual na área da saúde, previsto na Constituição Federal.

Segundo o governador, acordos com o Ministério Público (MP) estão em andamento para que o Rio Grande do Sul atinja, de forma gradual, os 12% previstos para a destinação de recursos ao setor.

A meta do Piratini é que os investimentos em saúde alcancem o índice até 2031, o que permitiria um acréscimo de mais de R$ 6 bilhões no orçamento da área.

Questionado pela rádio Acústica FM sobre por que o acordo ainda não foi fechado, Leite disse confiar em um acerto, mas ressaltou que a complexidade do tema exige mais debate e atrela o cumprimento do percentual exigido pela Constituição a acordos com o Ministério Público-RS

“Os acordos sempre são complexos. Envolvem várias partes. Nós temos promotoras que estão bastante solícitas, estou bastante satisfeito com as discussões até aqui, mas, naturalmente, querem ver o esforço adicional do Estado.

Nós já estamos fazendo esse movimento. A proposta original era começar a cumprir no ano que vem. O valor seria de R$ 250 milhões.

Nós já antecipamos para começar a cumprir neste ano: R$ 250 milhões agora e R$ 750 milhões em 2026. Isso significa, só neste governo, R$ 1 bilhão a mais.

É um esforço grande a ser feito. No programa original, iria até 2032. Já estamos tentando trazer isso para fechar dentro do próximo governo.

Eu confio muito que estamos muito próximos de poder fechá-lo. O meu ponto aqui também é a responsabilidade que eu tenho para que o Estado não quebre”, respondeu Leite.

Os valores após o acordo com MP  deverão ser utilizados no programa SUS Gaúcho ( ainda em desenvolvimento) , também apresentado nesta segunda-feira, que projeta a complementação de recursos da Tabela SUS, repassados ​​pela União, para procedimentos de saúde, com recursos do Tesouro, aos moldes do que ocorre no estado de São Paulo

“A disposição do governo é clara: fazer o acordo o quanto antes, atendendo a essa demanda que a saúde está exigindo neste momento.

É um grande esforço nesse sentido, porque isso tem sido cobrado da sociedade e da imprensa. O Piratini está deixando clara essa disposição, evidentemente respeitando a negociação que está em andamento, mas essa é a intenção do governo”, pontuou o Secretário de Comunicação do Estado,  Caio Tomazeli

A discussão em torno dos 12% ocorre porque o governo inclui despesas chamadas “controversas”, que não se referem a investimentos ou custeio da saúde na prática. É o caso do gasto com aposentados do IPE Saúde, que tem sido contabilizado como aporte na área.

Se o Ministério Publico acatar a proposta de Leite, a estimativa é de que o governo atinja até 2030 os 12% com as aplicações incontroversas, e 14,5% se somadas as contribuições patronais.


Como serão distribuídos os R$ 12,6 milhões

O montante de R$ 12,6 milhões também será repassado aos municípios para ampliar as ações de equipes das unidades básicas de saúde (UBSs), com foco em estratégias de imunização.

O recurso será distribuído conforme a população de cada cidade:

  • Até 5.000 habitantes (237 municípios): R$ 10 mil cada – total: R$ 2,37 milhões

  • De 5.001 a 10.000 habitantes (98): R$ 20 mil cada – total: R$ 1,96 milhão

  • De 10.001 a 50.000 habitantes (119): R$ 30 mil cada – total: R$ 3,57 milhões

  • De 50.001 a 100.000 habitantes (24): R$ 60 mil cada – total: R$ 1,44 milhão

  • De 100.001 a 250.000 habitantes (13): R$ 120 mil cada – total: R$ 1,56 milhão

  • De 250.001 a 500.000 habitantes (5): R$ 240 mil cada – total: R$ 1,2 milhão

  • Mais de 500.000 habitantes (1): R$ 500 mil – total: R$ 500 mil