A crise no leite no Estado tem pautado diversos debates dentro da 40ª Expointer e na tarde desta quarta-feira (30) motivou ação dentro do parque Assis Brasil, em Esteio. Cerca de 300 integrantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul), da Via Campesina, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram o pátio da Casa Branca, sede do governo estadual dentro da Expointer. O objetivo era garantir reunião com o governador, José Ivo Sartori. Ele não estava no local quando os manifestantes chegaram.
— O governador não recebeu os movimentos sociais. Domingo houve reunião com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para tratar desse assunto e sequer fomos convidados — observa Rui Valença, coordenador da Fetraf-Sul, ressaltando que esses movimentos representam mais de 80% da produção de leite no Rio Grande do Sul.
Pouco tempo após a ação, os dirigentes da entidade receberam a informação de que o governador irá recebê-los, em data ainda a ser definida. Em sinal de protesto, os manifestantes despejaram leite.
Os preços do produto estão em queda, ocasionando uma crise que tem levado vários produtores a desistirem da atividade – o preço do litro, que era de R$ 1,50, está em R$ 0,66, segundo os movimentos. A entrada de grandes volumes de produto importado, especialmente do Uruguai, é apontada como umas das causas da desvalorização.
Segundo o frei Sérgio Görgen, integrante da Via Campesina, multinacionais instaladas no Estado estariam fazendo a triangulação do leite importado:
— Queremos uma posição mais firme do governo.
O governo estadual revogou, por 90 dias, decreto e não irá renovar outro, que tratava do diferimento de impostos na entrada de leite importado. Os dirigentes pedem que essa medida seja permanente. Solicitam ainda compras governamentais e Aquisições do Governo Federal (AGF) para equilibrar a oferta no mercado, buscando assim a recuperação dos valores.