O senador Hamilton Mourão(Republicanos-RS) afirmou durante entrevista coletiva nesta quarta-feira em Porto Alegre que as joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro deveriam ser consideradas presentes pessoais. Segundo a legislação, itens do acervo privado do presidente obtidos no cargo integram o patrimônio cultural brasileiro. A União teria preferência em caso de venda, não sendo possível a alienação desses bens ao exterior sem autorização da administração federal.
O ex-vice presidente do Brasil também foi questionado sobre envolvimento de militares no caso e comentou a participação do ex-ajudante de ordens da Presidência Mauro Cid na história que culminou no cerco jurídico a Bolsonaro.
“Na minha visão, são presentes pessoais. Se eu dou uma jóia, na visão de um estado para outro, é um presente pessoal. Aí essa questão se vendeu ou se não vendeu, é isso que tem que ser esclarecido. Mas são presentes que deveriam ficar em poder do (ex) presidente da República. . O tenente-coronel Mauro Cid recebeu determinação do presidente ou seja lá de quem for? Houve a venda? Não houve venda? Então, é o que está sendo investigado aí. Na minha visão, o Cid deveria ter se resguardado mais”, destacou.
As declarações de Mourão ocorreram antes do Tá na Mesa, evento tradicional da Federasul em Porto Alegre. Na conversa com os jornalistas, o senador disse que aguarda os desdobramentos da entrada do seu partido no governo federal para definir se fica ou não no Republicanos. O destino do senador seria o partido Novo. Nesta quarta-feira (6/9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que convidou o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) para assumir o Ministério dos Portos e Aeroportos.
A condução do deputado à pasta faz parte da reforma ministerial do governo, uma estratégia de aproximação com o Centrão, que passou a ser especulada após a aprovação da reforma tributária no início de julho, e para também ampliar a base governista no Congresso. Apesar disso, o senador avalia que a indicação é uma escolha pessoal de Lula e não representa a entrada do partido na base governista.
“O presidente do partido, Marcos Pereira, tem transmitido que é uma coisa pessoal do presidente (Lula) com o deputado Sílvio Costa Filho. Na minha visão, isso não vai configurar uma entrada do partido de cabeça no governo, apesar de a imprensa colocar isso, o próprio governo coloca isso. Se for algo pessoal, eu permaneço no partido. Se for uma entrada de cabeça na base, eu não posso permanecer porque eu sou oposição e não vou mudar, resumiu Mourão”.
Apoio a Melo e aproximação com governo Leite
Mourão avalia que o Republicanos deve apoiar a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB) nas eleições de 2024.
“Nós estamos discutindo a estratégia para as maiores cidades. No caso de Porto Alegre, ainda estamos discutindo. Na minha visão, julgo que o partido deveria apoiar de cara a reeleição do Melo” , opinou.
O senador defendeu também a entrada do Republicanos no governo Eduardo Leite. Mourão ponderou que há uma discussão na bancada do partido na Assembleia, com três deputados favoráveis ao ingresso na base e dois contrários. Apesar disso, o senador entende que a entrada seria positiva para a legenda.