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Fraude investigada

Polícia Civil indicia advogado por suspeita de ter movido 8 ações após morte de cliente

Daniel Nardon foi intimado pela Justiça e disse que não tinha conhecimento da morte do cliente na época da assinatura da procuração

A Polícia Civil indiciou, nesta quinta-feira (15), o advogado Daniel Nardon por falsificação de documento particular, falsidade ideológica e uso de documento falso, após a conclusão do primeiro inquérito instaurado na Operação Malus Doctor.

Polícia Civil indicia advogado por suspeita de ter movido 8 ações após morte de cliente
Polícia Civil indicia advogado por suspeita de ter movido 8 ações após morte de cliente

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Segundo as investigações conduzidas pela 2ª DP da Capital, Nardon moveu oito ações de revisão de contratos com bancos no nome de uma mesma pessoa, em agosto do ano passado. O cliente, porém, havia falecido em junho do mesmo ano, dois meses antes.

Uma operação foi realizada há uma semana e investiga um grupo de advogados suspeito de fraudar procurações judiciais para contratar empréstimos em nome de clientes e lesar instituições financeiras com processos fraudulentos.

Durante a apuração policial, Nardon foi intimado pela Justiça e disse que não tinha conhecimento da morte do cliente na época da assinatura da procuração.

Em entrevista ao Jornal da Acústica, o delegado responsável pela investigação, Vinicius Nahan, afirmou que o advogado já havia sido indiciado por práticas semelhantes em 2023:

“O advogado já havia sido indiciado pela nossa delegacia no ano de 2023 pelo uso de uma procuração falsificada. No caso, a vítima não reconhecia a sua assinatura. Esse procedimento policial estava parado na Justiça até então.

Com a divulgação, nós recebemos, nesta semana, do Ministério Público um pedido de diligências nesse inquérito anterior. Então, vamos também diligenciar e atender à requisição do MP. Mas ele já tinha sido indiciado pela nossa delegacia pelo crime de estelionato e falsificação de documento particular em 2023”, informou o delegado.

Na última quinta-feira (8), ele teve a sua licença de advogado suspensa, de forma temporária, pela seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio Grande do Sul. Ele está foragido.

Outros 44 inquéritos estão em andamento.

Daniel Nardon está proibido de sair do Brasil desde a noite de sexta-feira (9). A polícia esperava que ele se apresentasse na 2ª Delegacia da Capital, o que não ocorreu.

O esquema, segundo a Polícia Civil

A Operação Malus Doctor mirou um grupo de advogados suspeito de fraudar ações judiciais e lesar clientes por meio da contratação de empréstimos bancários.

Foram identificadas 55 vítimas, mas estima-se que cerca de 10 mil pessoas tenham sido lesadas. A movimentação é calculada em R$ 50 milhões.

Segundo a investigação, procurações judiciais eram fraudadas pelos suspeitos, que contratavam empréstimos em nome de clientes sem que as vítimas soubessem. O escritório de advocacia captava clientes prometendo questionar, na Justiça, os juros dos empréstimos.

No entanto, em vez de receber o valor de eventuais indenizações, os clientes recebiam o valor decorrente de um novo empréstimo, enquanto o escritório ficava com o dinheiro obtido no processo judicial.

Os suspeitos captavam clientes por meio de associações de defesa do consumidor, sendo uma delas coordenada pela irmã de Nardon.

A defesa de Nardon informou que já teve acesso ao inquérito principal e está se inteirando, coletando documentos para fazer a contraprova.

Tags: advogado Daniel Nardon, Polícia, Polícia Civil