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Bolo envenenado

Polícia Civil vai analisar cartas deixadas por Deise dos Anjos

Chefe de Polícia do RS, Fernando Sodré, informou que a suspeita de matar três pessoas da mesma família também deixou escrito em uma camiseta que não era assassina

Bolo envenenado: a Polícia Civil vai analisar cartas deixadas por Deise dos Anjos que ficaram na cela da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba onde ela foi encontrada morta durante esta quinta-feira.

Foto: reprodução redes sociais
Foto: reprodução redes sociais

O Chefe de Polícia do RS, Fernando Sodré, informou que a suspeita de matar três pessoas da mesma família também deixou escrito em uma camiseta que não era assassina.

“Ela deixou algumas cartas que precisam ser analisadas e uma camiseta escrita, dizendo que ela não é assassina, que é uma pessoa que estava em depressão, com dificuldades e que sofreu na vida por causa dos outros. Parece bem como uma justificativa, porque ela não aguentava mais o sofrimento. Tem uma série de escritos assim, alguns rabiscos, que a gente precisa olhar com calma”, informou o Chefe de Polícia do RS, Fernando Sodré.

Após a coleta de provas no local onde Deise morreu, a Polícia Civil aguarda o resultado definitivo da perícia sobre a causa da morte; a principal hipótese é enforcamento

Defesa critica condições da penitenciária

Durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, o advogado de Deise dos Anjos criticou as condições da penitenciária na qual Deise estava presa.

“A defesa foi contra a transferência para Guaíba. Isso acabou sendo uma decisão administrativa. Deise indicou que ali a cela era suja e que havia um forte odor de esgoto, calor em excesso e mosquitos. O prontuário médico dela também não foi junto ao processo, ou seja, ela parou de ter acesso ao tratamento psiquiátrico que recebia em Torres. Houve apenas um atendimento médico básico, nada além disso, tanto que, após uma visita na segunda-feira, fiz um requerimento para evidenciar os problemas de higiene e de saúde que ela enfrentava”, destacou o advogado Cassyus Pontes.

Na conversa com a reportagem da Acústica, o Chefe de Polícia rebateu as críticas.

“Durante todo o tempo foi demonstrado que o Estado, nos diversos entes que participaram, sempre esteve preocupado com a integridade física dela. E um dos motivos para justificar isso é o seguinte: a transferência dela que se deu do presídio de Torres para o de Guaíba, se deu porque lá em Torres, a Deise estava presa numa cela com outras detentas, lá o presídio é misto. Homem e mulher, tem uma ala para mulher e ela estava com outras presas temporárias.

E lá surgiu a informação de que ela poderia sofrer alguma outra agressão, alguma violência, por causa daquela conversa que surgiu, que teoricamente ela teria dado para o filho o arsênio.

E o que foi feito? Foi a administração carcerária que resolveu transferi-la para Guaíba, porque neste município, além de ser um presídio exclusivamente feminino, é um local onde era possível deixá-la isolada numa cela sem ter contato com outras presas, para garantir a integridade física dela. E isso foi feito; ela estava sozinha na cela o tempo todo”, sustentou o delegado Fernando Sodré.

Inquéritos

Após a morte da suspeita, a polícia mantém a investigação e pretende concluir os inquéritos sobre os possíveis crimes, segundo o Chefe da Polícia Civil do RS.

“A interferência que há (na investigação) é, como a gente fala no Direito Penal, a extinção da punibilidade por morte do agente. Ela não vai responder pelos fatos que praticou, porque está em óbito, mas a investigação continua até o final. Temos que esclarecer todas as circunstâncias do fato criminoso”, explica Sodré.

Segundo o Chefe da Polícia Civil, a previsão de data para a remessa do inquérito é 20 de fevereiro, dia em que se esgota o prazo da prisão temporária.

Uma das investigações apura a participação de Deise no envenenamento de um bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família, em Torres, no Litoral Norte do RS, em dezembro.

Neste caso, ela também é investigada por três tentativas de homicídio, de três pessoas que também comeram o bolo e sobreviveram, incluindo a sogra Zeli dos Anjos, que seria, segundo a Polícia Civil, o principal alvo da suspeita.

A Polícia Civil também apura se ela matou o sogro, Paulo Luiz dos Anjos, em setembro. Ele morreu após consumir bananas e leite em pó levados à casa dele pela nora. Neste caso, também há a investigação por tentativa de homicídio, já que Zeli também comeu os alimentos e sobreviveu.

O caso

O envenenamento das três pessoas que morreram após ingerir um bolo ocorreu em 23 de dezembro de 2024, durante uma reunião familiar em Torres, no Litoral Norte.

Deise foi presa em 5 de janeiro, após a Polícia Civil descobrir, no celular dela, pesquisas sobre o efeito do uso de arsênio.

Deise foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira, na cela que ela ocupava na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. O corpo tinha sinais de enforcamento.