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Sistema carcerário

Presídio Central é desocupado e governo começa última etapa da reestruturação do complexo

Em visita ao local nesta quarta, o governador Eduardo Leite projetou que as obras na casa prisional estarão prontas no primeiro semestre de 2024

Após demolição de dois pavilhões que restaram na Cadeia Pública de Porto Alegre (CPPA), o governo do Estado começa a última etapa da reconstrução completa do antigo Presídio Central, que já foi considerada a pior casa prisional da América Latina.

Foto:Airton Lemos
Foto:Airton Lemos

Para dar sequência a obra, um dia antes, uma força-tarefa conjunta entre a segurança e órgãos do sistema prisional desocupou totalmente a CPPA. Ao todo, desde a primeira operação em 2022, foram transferidas 1.980 pessoas privadas de liberdade da unidade prisional.

Na terceira e última fase, realizada nos dias 21 de novembro, 4 e 5 de dezembro, 896 apenados foram removidos, sendo 586 para o Complexo Prisional de Canoas (CPC) e 310 para a Penitenciária Estadual do Jacuí. A primeira etapa, com 555 presos, ocorreu em junho de 2022, e a segunda, com 529 movimentações, aconteceu em maio de 2023.

A reportagem da Acústica FM acompanhou uma  visita realizada pelo governador Eduardo Leite nesta quarta-feira ao local. O chefe do executivo estadual percorreu o espaço entre as galerias recém-desocupadas da CPPA e a parte já reconstruída da unidade projetando que o novo complexo deva estar pronto no primeiro semestre de 2024. Ao ser questionado sobre nomeação de policiais penais e novos investimentos, Leite voltou a defender o projeto que pretende aumentar a alíquota do ICMS de 17% para 19,5%. O governador condicionou novos investimentos na segurança pública ao aumento na arrecadação.

“A gente consegue sair de um estado que tinha presos em viaturas e essa situação indigna, absolutamente condenável da estrutura. Então é um investimento que a gente está fazendo, com recursos próprios  para virar essa chave no sistema prisional e que além da construção, envolve nomeação de efetivo de recursos humanos. A nossa polícia penal tem crescido. A gente precisa continuar aumentando esse efetivo. Policiais militares que estavam atuando dentro do sistema prisional, a gente conseguiu fazer aqui a retirada da Brigada Militar que operou por muito tempo em operação no Presídio Central, substituindo por policiais penais e liberando, portanto, esses policiais militares para estarem atuando nas ruas. Para continuar fazendo este movimento não é incorporando efetivo, o estado tem que ter capacidade fiscal”.

A última fase de transferências envolveu o maior número de apenados: foram 1.530 movimentados no sistema prisional, incluindo outras unidades, nos últimos dias. Para permitir o esvaziamento total da CPPA, 634 presos foram levados, na semana passada, do CPC para a Penitenciária Estadual de Charqueadas II, inaugurada em 27 de novembro. Cada dia da operação contou com cerca de 220 policiais penais e, aproximadamente, 40 viaturas.

Durante todo o processo de desocupação do presídio, foram movimentados, no sistema prisional gaúcho, 3.325 pessoas privadas de liberdade

Sobre bloqueadores de celulares em unidades prisionais, o governo informou que as soluções técnicas encontradas ainda não são as melhores, por isso o Estado busca outras formas para evitar o uso dos aparelhos.

“O governo do estado chegou a buscar soluções para bloqueadores de celulares, que acabaram se demonstrando do ponto de vista técnico, não serem os melhores. Então, o estado está buscando outras soluções para bloquear celulares, inclusive uma das medidas que estamos adotando nessas novas unidades prisionais é justamente de não ter a disponibilidade de energia elétrica dentro das células para evitar justamente carregamento de celulares e, consequentemente, poder restringir ainda mais a possibilidade de operação do crime dentro do sistema prisional. Uma medida que eventualmente, gera reações aqui e ali, de inclusive de grupos criminosos. Mas nós vamos persistir nessa direção, respeitando o normativas relativas ao sistema prisional, as normas que existem em nível nacional em Relação a esse tema, mas confiamos, é um caminho para poder evitar a operação do crime dentro do sistema prisional”.

Durante a visita do governador, a reportagem pode observar que o sinal de telefonia alcançava o 5G fora das galerias no pátio do presídio, e dentro do espaços com menos qualidade, mas o suficiente para realizar chamadas de vídeo.