Os primeiros trabalhadores resgatados na Serra Gaúcha em regime de
trabalho análogo á escravidão começam a chegar na Bahia. Um grupo de 197 trabalhadores partiu em quatro ônibus na noite da última sexta-feira (24), rumo a cidade de
Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. A expectativa de chegada é por
volta das 13 horas.
Pela manhã dessa segunda (27), aconteceu uma reunião na Defensoria Pública do Estado da Bahia, com o Secretário de Justiça e Direitos Humanos Felipe Freitas, para definir as ações entre as Secretaria de Desenvolvimento Social da cidade e do Governo do Estado para recepcionar os trabalhadores. Serão disponibilizados Psicólogos e assistentes sociais, a secretaria também pretende alugar duas repúblicas
para os trabalhadores que quiserem dormir no local.
As idades dos trabalhadores variam
de 18 a 57 anos. A reportagem da Acústica FM conseguiu o contato de uma dessas
vítimas que não quer ser identificada, o homem de 32 anos, natural de Salvador está atualmente desempregado e falou das condições do local em Bento Gonçalves, ele também contou como está sendo a vida após ele ter fugido da pousada ainda em dezembro do ano passado.
– Não está sendo fácil, essa situação. Fizeram uma proposta pra gente de emprego, eram 4 mil livre. Mil era para pagar o aluguel do local. Esse dinheiro nunca peguei nunca tive na mão. Saí de mãos atadas.
– “Estou vivendo pela fé e a misericórdia de deus, eu e a minha família. Agora só deus mesmo para agir a meu favor. Relatou o homem que mora com a mulher e os filhos e veio em busca de trabalho após uma proposta que recebeu pelas redes sociais”. Reiterou
O Ministério Publico do Trabalho investiga o caso. Mas existem relatos desde o início
de dezembro quando os primeiros trabalhadores começaram a chegar no local, uma empresa terceirizada em Bento Gonçalves. De acordo com a Policia Federal, a empresa tem diversos
contratos com vinícolas da região. O homem de 45 anos e natural da Bahia, responsável
pela empresa foi preso na ultima quinta-feira (23), e liberado após pagamento de
fiança. Segundo o Ministério Publico do
Trabalho, um acordo foi fechado entre as partes onde inicialmente cada
trabalhador deve receber cerca de R$ 500 reais para a viagem de retorno.
Segundo o MPT, mais de 1 milhão de reais devem ser pagos aos
trabalhadores pela empresa terceirizada que cooptou os trabalhadores. Este é o
valor estipulado das verbas rescisórias e devem ser pagos até a próxima terça-feira
através de depósito bancário.
O Secretário de Justiça e Direitos Humanos Felipe Freitas, afirma que o trabalho de fiscalização é permanente no Estado da Bahia para o monitoramento dos casos identificados:
– Os trabalhadores estão chegando, estamos fazendo um rápido cadastro para que a gente possa mapear as demandas que eles tem como moradia, alimentação, inscrição nos programas de transferência de renda. Estamos dando o encaminhamento social para essas pessoas.
– “Precisamos também colaborar para reinserir essas pessoas no mercado de trabalho de maneira digna, com respeito ao trabalho descente, com registro e formação. Essa nova etapa deve começar ainda nessa semana”. Afirmou Freitas.