Com chuvas
irregulares e um clima causticante, os produtores de leite do Rio Grande do Sul
iniciam o quarto ano com muitas dificuldades. Desde perdas na cultura do milho,
principal alimento para o rebanho, até a baixa remuneração pelo leite
produzido, 2023 se mostra severo e esperança é de que novos gestores, no Estado
e no governo federal, possam tomar medidas emergenciais para socorrer os
produtores.
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Conforme o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio
Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, a estiagem já causa grande perdas nas
lavouras de milho. O principal alimento para o gado leiteiro está com lavouras
secas.
“Ao invés de ensilar milho com grão, os produtores estão ensilando palha
com espiga que tem praticamente só sabugo”, conta o dirigente.
Ele ressalta que
isto não é choro de produtor, mas uma constatação que tem como consequência
tornar muito mais caro o custo da produção de um litro de leite.
Tang também lamenta o que pode ser a tendência para este verão: o preço do
leite abaixo do custo de produção. O preço de referência está na casa dos R$
2,20, conforme o dirigente, que compara a produção leiteira à agricultura.
“Nossa atividade é de médio a longo prazo. Não podemos deixar de plantar num
ano e voltar no outro. Uma terneira que nasce agora, só vai dar retorno em
2025”, explica.
Para o presidente da Gadolando, não será em 2023 que o produtor tirará o pé do
barro.
“Estamos afundando mais e quando se vê o preço do leite tão baixo, as
taxas de importações recordes, precisa ser feita alguma coisa”, pede.
Segundo
ele, os novos nomes à frente da Secretaria Estadual da Agricultura e do
Ministério da Agricultura devem, de imediato, tomar uma providência e socorrer
o produtor de leite “sob pena de mais e mais pararem”. Tang ressalta que uma
das reivindicações do setor é quanto à previsibilidade no preço do leite. “Nós
queremos vender nosso produto e não entregar”, afirma.
Marcos Lodi, produtor de leite no município de Anta Gorda (RS), que possui
cerca de 70 vacas em ordenha e para alimentá-las, planta 32 hectares de milho
em duas etapas.
“O da primeira etapa estaria pronto para pendoar e o da segunda
etapa recebeu ureia 15 dias atrás e se não vier uma chuva consideravelmente
boa, em uma semana, boa parte disso estará comprometida”, relata.
Lodi conta,
ainda, que nos últimos três anos foi preciso comprar silagem para alimentar o
rebanho devido à estiagem. A esperança do produtor é de que ainda possa salvar
o milho da segunda etapa, se as precipitações forem mais regulares.