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RS registra um caso de sequestro a cada 15 dias nos últimos dez anos

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Ligações telefônicas anunciando que familiares foram sequestrados têm sido cada vez mais frequentes. A maioria não passa de golpe, no entanto, em algumas situações, os casos são reais. Levantamento da Polícia Civil sobre o número de sequestros nos últimos dez anos aponta para o registro de um caso a cada 15 dias no Estado. A Rádio Gaúcha teve acesso a trechos exclusivos de conversas telefônicas entre criminosos e parentes das vítimas, autorizados pela Justiça, que evidenciam os dramas das famílias.

Em uma delas, o criminoso cobra resgate e ameaça matar a menina sequestrada caso não haja pagamento do resgate (no fim do texto, ouça o áudio da reportagem):

“E aí, o que tem pra dizer? Tá ouvindo? Eu ouvi cara, assim, R$ 16, 7 mil e com mais R$ 9 mil, dá R$ 25,7 mil, é o que eu consigo cara. Tu tem um monte de bagulho, tu não quer se desfazer dos teus bagulhos pra ficar com a tua filha de volta? Ela tá sofrendo pra caramba meu, entendeu? Ouve aí…

– Pai, por favor, me tira daqui, dá o que eles querem pai, eu preciso de ti pai, vem me buscar…

– Deixa eu falar com ela um pouco. Acabou por aqui nosso negócio, Não para aí… Não me custa nada chegar agora e dar um tiro nela e meter em um buraco“.

Essa transcrição é apenas um trecho de uma longa conversa entre sequestradores e familiares da refém. O crime ocorreu há alguns meses no Vale do Sinos e, após pagamento de resgate, a vítima foi liberada.

Segundo o levantamento policial, de janeiro de 2006 até início de dezembro deste ano, foram registrados 285 casos de sequestros. Uma média de uma ocorrência a cada 15 dias. Nesta década, o ano passado foi o que mais preocupou a polícia. Foram 56 ocorrências durante todo ano de 2014, o que corresponde a 19% do total registrado desde 2006. Em 2015, de janeiro a início de dezembro, houve uma redução com apenas 19 casos. Mas nos últimos dias, desde o final de semana, houve mais dois casos, um na Cidade Baixa, na Capital, e outro em Tapes.

Tipos de ocorrências

O delegado Joel Wagner, da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), diz que todas as informações são apuradas. Segundo ele, são quatro tipos ocorrências verificadas.

Sequestro: contra a liberdade do indivíduo e quando os criminosos se deslocam com a vítima.

Cárcere privado: contra a liberdade do indivíduo e quando os criminosos ficam com a vítima em local fechado.

Extorsão mediante sequestro: contra o patrimônio e quando os criminosos se deslocam com a vítima a fim de obter dinheiro.

Roubo majorado: o tradicional sequestro relâmpago.

O perfil das vítimas

Houve uma mudança nesta década, no entanto, ainda seguem sendo um dos principais alvos os bancários e empresários. Mas se antes eram pessoas de classe alta ou média alta, agora há também vítimas de classe média baixa. Para o delegado Joel Wagner, após 2014 (quando houve o maior número de casos nesta década), os sequestradores também passaram a exigir valores menores. Independente da classe social ou do pagamento de resgate, o que a polícia busca é garantir a integridade física das vítimas. No entanto, os problemas não param após a libertação dos reféns.

“Tenho vontade de ficar na cama e só chorar… Fica um trauma, medo, ando me cuidando, não é qualquer lugar que eu vou, não é qualquer horário que saio”, destaca uma vítima de sequestro neste ano.