Categories: Política

Secretária da Fazenda afirma que novos cortes de despesas colocariam Estado em colapso

Com o plenarinho da Assembleia Legislativa lotado de parlamentares e líderes de entidades empresariais, a secretária da Fazenda do Rio Grande do Sul, Pricilla Santana, voltou a defender os decretos que reduzem benefícios fiscais a setores da economia. Em uma apresentação durante  audiência nesta segunda-feira organizada pelas comissões de Economia e Finanças, destacou que as medidas adotadas pelo Estado representam 20% do total de benefícios concedidos pelo Rio Grande do Sul.

Ao pregar a necessidade de aumento de receitas nas contas do governo, a titular da fazenda foi enfática, apontando que não há espaço para cortar despesas na máquina pública.

Publicidade

“Nos últimos cinco anos, o Estado fez o maior ajuste previdenciário, congelou salários como nenhum outro Estado, teve decréscimos negativos em sua despesa pessoal. Isso é para dizer que a fadiga fiscal se faz presente. Chegou um momento em que não adianta esgarçar o tecido do lado da despesa, que ele vai rasgar, vai romper e vai colapsar o Estado”, ressaltou.

Sobre os decretos publicados por Leite, Priscilla reforçou que o governador, após diálogo com vários segmentos, anunciou a retirada de 63 setores produtivos de uma das medidas previstas pelo plano de revisão de benefícios fiscais proposto pelo Estado em dezembro de 2023. Com a mudança, o governo refez os cálculos e projeta um total de 2,71 bilhões de reais em arrecadação

Há a expectativa de que ainda nesta semana  ocorra uma nova reunião entre a cúpula do Palácio Piratini, incluindo a Fazenda, e os representantes de entidades empresariais e setores da economia. São esperadas novas mudanças nos decretos, principalmente em relação ao Fator de Ajuste de Fruição (FAF).  O entendimento é de que alguns setores têm mais dificuldade de adquirir insumos produzidos internamente no Estado – fator pelo qual o FAF condiciona parte da concessão de benefícios fiscais.

Por fim, a secretária da Fazenda detalhou o decreto da cesta básica. Conforme os cálculos da Sefaz, o impacto na inflação vai ser de 0,73%.

Atualmente, os alimentos da cesta básica recebem isenção de ICMS ou praticam alíquota reduzida que varia entre 0 e 7%. Quando o decreto passar a vigorar, a alíquota para alimentos da cesta básica deve ficar em 12%. Os principais itens impactados devem ser frutas, verduras, ovos, carnes de aves, suínos, leite, pão francês, óleo e embalagens.

Estima-se que a reoneração dos alimentos implicará incremento de R$ 381,00 por ano para uma família média gaúcha, ou seja, cerca de R$ 30 por mês ou pouco mais de R$ 1 por dia, o que representa 0,44% do total das despesas e 0,34% da renda. Segundo a Fazenda, a ampliação do Programa Devolve ICMS vai compensar a reoneração da cesta para famílias em situação de pobreza

Também convidado a participar da Audiência, o secretário de Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, defendeu que a competitividade não passa só pela questão dos tributos, mas também pelos investimentos do governo no Estado.

Questionamentos aos decretos

O Líder da bancada do PT, o Deputado Luiz Fernando Mainardi, lembrou que a Secretária, à época no governo federal, liderou a negociação do Regime de Recuperação Fiscal.  Mainardi salientou também que renegociação da dívida com o governo federal anunciada por Lula nesta semana deve ajudar o Estado, mas não deixou de criticar Leite: ” O aumento de arrecadação era pra resolver o presente e não o futuro”, referindo-se  à busca do governo por elevação de receitas.

O deputado Felipe Camozzato ( Novo) disse que houve um equívoco de comunicação do Piratini, que passou aos gaúchos a visão de que a situação fiscal estava sanada, quando a realidade das finanças demonstrou o contrário, na avaliação do parlamentar.

Já o deputado Miguel Rossetto (PT), proponente da audiência, afirmou que Leite não apresentou um plano de desenvolvimento para o Estado, que sentiu falta de uma alternativa para a crise que vive a indústria gaúcha nas apresentações de Ernani e Priscilla e ao final provocou: “A GM vai colaborar com o ajuste fiscal também ou só o setor de proteína animal?

Para defender o Piratini no debate formado na audiência, o líder do governo na Assembleia, o deputado Frederico Antunes(PP), lamentou a ausência dos deputados federais. “Todos foram convidados mas não vieram, podiam explicar por que votaram a favor das Leis complementares 192 e 194 que diminuiriam as receitas do estado”, alfinetou. Antunes defendeu que o Estado precisa também de investimento: “Não podemos voltar a tempos passados. Quando não se investia na melhoria das estradas, na Educação que é base para mão de obra qualificada na nossa economia. A saúde voltou a pagar a conta dos hospitais lá de 2014, tanto de prefeituras quanto de hospitais. Na segurança não havia números positivos”, destacou.

Representando a oposição à direita de Eduardo de Leite, o deputado Rodrigo Lorenzoni (PL) apontou que governo deveria enxugar gastos, diminuindo o número de secretarias e privatizando mais ativos, como CRM, Companhia Riograndense de Mineração.

Ao final da Audiência, o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa da Costa, afirmou que os decretos são uma violência contra a economia do RS e entende que a Assembleia pode propor alternativas dentro da Lei para evitar os efeitos das medidas de Eduardo Leite.

Airton Lemos

Sou repórter. Jornalista há 13 anos, formado pela Ulbra.

Recent Posts

Hoje na história: 01 de maio – Primeira aparição de Bob Esponja

Acompanhe os fatos que marcaram o dia de hoje na história

3 horas ago

Fumaça preta causada por queima irregular de lixo assusta moradores em Camaquã

O incêndio foi registrado no final da tarde desta quarta-feira (30)

8 horas ago

Açougue é interditado por falta de higiene em Sentinela do Sul

Ao todo, 1,5 tonelada de alimentos impróprios foram apreendidos durante as fiscalizações realizadas em três…

9 horas ago

Agências bancárias estarão fechadas no feriado pelo Dia do Trabalho

Na sexta-feira (02), o atendimento ao público segue normalmente

11 horas ago

Saiba quais são as regras para trabalhar no feriado de 1º de maio

Confira o que diz a Lei e como proceder em caso de irregularidades

11 horas ago

This website uses cookies.