A partir da próxima segunda-feira (23), pais de alunos matriculados em escolas em greve podem pedir a transferência para as que estejam funcionando normalmente, por decisão da Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul. Desde o dia 5 de setembro, os professores estaduais estão em paralisação, reivindicando o fim do parcelamento dos salários do funcionalismo gaúcho.
Inicialmente, o foco da ação será os estudantes do nono ano do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio. Como precisam trocar de escola, na maioria dos casos, ou ingressar em uma universidade, não podem perder os prazos para a formatura. Até sexta-feira (20), um mês e duas semanas de aulas foram perdidos do ano letivo.
Por orientação da secretaria, cada coordenadoria regional mapeia as escolas que poderão receber os estudantes dos colégios em greve.
Segundo a Seduc, 2,8% das escolas estão totalmente paralisadas, e 30% apresentam greve parcial. Já o Cpers, sindicato que representa a categoria, informa um dado diferente, contabilizando o número de profissionais, entre professores e funcionários, em paralisação: 60% aderiram a greve.
A secretaria chegou a anunciar a reorganização do ano letivo, prevendo aulas até 14 de janeiro para recuperar os conteúdos perdidos ao longo da greve. Mas a categoria reitera que permanece em greve.
A medida não deve afetar as negociações para o retorno dos professores, segundo o titular da Secretaria, Ronald Krummenauer. “É importante ressaltar que a adoção dessas medidas, que são emergenciais, não compromete em nada a continuidade do diálogo com o Cpers, sempre na busca de um bom entendimento, dentro de patamares razoáveis e reais”, pontuou.
Para Cpers, medida é ‘blefe’
Em comunicado, o Cpers classifica como “blefe” a iniciativa de remanejar os estudantes. Segundo o texto, há prejuízos na qualidade do ensino com a transferência, pois “ficam afetadas as relações de grupo, especialmente entre os adolescentes, já estabelecidas na turma e na escola”. O Cpers ainda cita a questão dos deslocamentos dos alunos, que precisará ser revisto se eles forem para uma nova escola.
Transferência está prevista em lei
A transferência dos alunos se dará dentro do padrão de todas as transferências de alunos, por quaiquer que sejam os motivos, segundo a diretora pedagógica da Seduc, Sônia Rosa. Ela explica que os estudantes transferidos passarão por um plano de ação e recuperação, para nivelar os conhecimentos. Com isso, não há prejuízos de aprendizado de uma escola para a outra. E se, ao final da greve, os pais quiserem retornar os alunos para a escola de origem, poderão fazê-lo.