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Violência

Sindicância da Brigada Militar conclui que não houve racismo em abordagem a motoboy negro 

Por sua vez, a Polícia Civil indiciou os dois por crime de lesão corporal leve, e Everton da Silva também por desobediência
Foto: Airton Lemos
Foto: Airton Lemos

A sindicância aberta pela Brigada Militar concluiu que não houve racismo  por parte dos policiais durante a abordagem ao Motoboy Everton da Silva . Segundo a BM,  os envolvidos na briga foram tratados da mesma forma, “com respeito”, sendo chamados por “senhor o tempo todo”, sem excessos. O resultado do procedimento instaurado pela corporação foi divulgado nesta sexta-feira durante entrevista coletiva na sede da Secretaria de Segurança Público do RS. A investigação constatou também que não houve indícios de crime militar nem de crime comum por parte dos PMs.

A Corregedoria da BM, no entanto, apontou dois erros dos brigadianos no caso: o primeiro foi por não terem acompanhado Sérgio Camargo Kupstaitis, 71, enquanto ele buscava documentos e uma camisa para vestir, conforme determinação policial. Enquanto isso,  Everton estava algemado na parte de trás de uma Duster. Outra falha apontada na sindicância foi o fato de que os policiais não perceberam que uma outra viatura, havia chegado ao local para condução dos presos no banco traseiro

Encerrada a sindicância, a Corregedoria da BM tem oito dias para notificar os quatro policiais militares. Após serem notificados, os PMs têm 15 dias para apresentar suas defesas. Depois da análise das defesas, os policiais podem cumprir um período de detenção que cabe à Corregedoria definir.

Por se tratarem de transgressões da disciplina militar, e não terem sido constatados crimes comum ou militar, o processo não é remetido ao Poder Judiciário ou à Justiça Militar.

Se for do entendimento dos seus comandos, os PMs podem voltar imediatamente a ações de campo. Eles haviam sido deslocados para trabalhos administrativos até o final da sindicância, não como medida disciplinar, mas administrativas para preservá-los.

Já a Polícia Civil, indiciou os dois envolvidos na briga por lesão corporal leve e Everton por desobediência. Durante entrevista coletiva, a Corregedoria da Brigada Militar mostrou uma apresentação buscando sustentar que houve uma série de agressões mútuas entre os dois.  A polícia Civil disse que o crime.de racismo nunca foi investigado.

A polícia entende que o motoboy também agrediu o homem mais velho, porque teria jogado pedras nele após ser ferido com o canivete. Imagens de câmeras de segurança divulgadas na coletiva de imprensa nesta tarde mostram o momento da briga e confirmam que Ewerton atirou pedras contra Sérgio 

A sindicância aberta pela Brigada Militar ouviu 27 pessoas, analisou 17 imagens, 12 vídeos e dois laudos feitos pelo IGP — que apontaram lesões em ambos os envolvidos —, além de áudios, boletins de ocorrência e documentações operacionais. 

Ao final da coletiva de imprensa, o coronel Claudio dos Santos Feoli fez uma desabafo

“A BM como um todo foi julgada por alguns canalhas como despreparada e racista. E essa BM que foi julgada e condenada por.alguns é a mesma que é presente nos 497 municípios do estado. (…) A BM não escolhe cor pra abordar ou pra prender, ela se atem aos fatos”,  exclamou Feoli,

O Caso

Uma discussão num bairro de classe média alta em Porto Alegre viralizou nas redes no sábado (17) porque um homem agredido com um canivete chamou a polícia e acabou detido. Ele é o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, que é negro e foi atingido levemente, com a arma branca, por Sérgio Camargo Kupstaitis, homem branco de 71 anos, com quem teve uma discussão. Nas redes sociais, houve clamor para que o episódio fosse investigado por racismo.

Chamados para intervir, policiais do 9º Batalhão de Polícia Militar detiveram em flagrante Everton por desacato à autoridade, porque consideraram que ele estava agressivo. Sérgio também foi detido em flagrante.

Após serem levados para o plantão de uma delegacia da Polícia Civil, ambos acabaram liberados, para responder pelos delitos em liberdade.

Os PMs envolvidos no caso foram afastados temporariamente durante o curso das investigações realizadas pela sindicância interna aberta pela BM, cuja conclusão foi divulgada nesta sexta-feira (23).