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Suspeito de matar policial civil em Gravataí não era alvo da operação

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O homem apontado como autor do disparo que matou o escrivão da Polícia Civil Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos, durante uma operação na manhã desta sexta-feira (23), em Gravataí, não era o alvo da investigação policial. O cumprimento dos mandados de busca e apreensão tinha como objetivo obter provas contra uma mulher, suspeita de comandar o tráfico de drogas na região. 

Maicon de Mello Rosa, 25 anos, estava na mesma casa que a traficante – conhecida como “Gorda” – e surpreendeu os policiais com um disparo, que partiu de dentro de um quarto. O tiro de pistola 9mm atravessou a parede de gesso acartonado, atingindo Silveira na cabeça. 

Apesar de não ser alvo desta operação, Maicon era conhecido da polícia de Gravataí por envolvimento e indiciamento em outros crimes. De acordo com o delegado Rafael Sobreiro, ele já foi indiciado por homicídio e roubo. 

Já o diretor do Departamento de Polícia Metropolitano (DPM), delegado Fábio Mota Lopes, relatou que a polícia havia pedido a prisão preventiva dele, mas que ainda não havia resposta. 

Esse pedido, pelo roubo de uma motocicleta, foi encaminhado pelo Tribunal de Justiça (TJ) ao Ministério Público (MP) no dia 9 de junho. O parecer do MP, no entanto, só foi entregue ao TJ nesta tarde, manifestando pela denúncia e prisão preventiva de Maicon, o que foi aceito pela juíza que analisa o caso.

 

Suspeito pediu indenização ao Estado 

Recentemente, Maicon de Mello Rosa pediu uma indenização ao governo do Estado pelas más condições no Presídio Central. O suspeito esteve no local por cerca de quatro anos. 

No processo, que tramita na 2ª Vara da Fazenda Pública, a defesa de Maicon de Mello Rosa, pediu, em caráter liminar, indenização por danos morais, no valor de R$ 60 mil, mais R$ 500 por dia de superlotação no presídio. 

O juiz José Antonio Coitinho negou a liminar, por entender que a decisão não apresenta urgência. No entanto, o processo de indenização segue tramitando, ainda na fase inicial, e não há previsão para sentença. 

“Tombou como um herói”, diz delegado. 

O delegado Rafael Soccol Sobreiro, que coordenava a ação desta sexta-feira e trabalhava diretamente com o escrivão Rodrigo Wilsen da Silveira, definiu o dia como “o mais difícil da carreira”. 

— O Rodrigo nunca vai ser esquecido. Eu vou lembrar do Rodrigo cada dia da minha vida. Era uma pessoa diferenciada, um policial acima da média, que tombou como um herói, defendendo a sociedade — lamentou o delegado. 

Diversas entidades também divulgaram nota de pesar pelo fato. O secretário de Segurança, Cézar Schirmer, divulgou nota reclamando da atual legislação. 

“O episódio de hoje é o reflexo do ambiente de violência em que vivemos. De uma legislação cujas brechas permitem que criminosos com ficha extensa e passagem pelo sistema prisional estejam nas ruas cooptando nossos jovens e corroendo o tecido social com aquilo que é mais hediondo”, dizia o texto. 

Por meio das redes sociais, o governador José Ivo Sartori também lamentou o fato: 

“Quando morre um policial defendendo a sociedade, morre um pouco da nossa própria civilização. E é preciso lembrar dos direitos humanos daqueles que, todos os dias, colocam a própria vida em risco para enfrentar a criminalidade”, postou.

 

Entenda o caso 

Rodrigo Wilsen da Silveira, escrivão e chefe de investigação da 2ª Delegacia de Polícia do município, tentava cumprir um mandado em um condomínio de apartamentos na Travessa Herbert, na região central de Gravataí, quando um dos cinco criminosos que estavam no local atirou. 

O policial levou um tiro na cabeça e foi levado por colegas para o Hospital Dom João Becker, de Gravataí, mas não resistiu. 

A operação tinha como objetivo desarticular uma quadrilha especializada em tráfico de drogas. De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Metropolitano, delegado Fábio Mota Lopes, os investigadores sabiam que os alvos poderiam ter drogas e armas, mas foram surpreendidos pelo ataque. 

— A gente sempre vai preparado, mas aconteceu essa fatalidade — lamentou Lopes.