Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul alerta para os riscos do uso indiscriminado da Ritalina. O remédio contra o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade tem sido usado para outros fins. De olho nisso, os pesquisadores injetaram em ratos saudáveis o metilfenidato, a substância da Ritalina. Os animais tinham entre 15 e 45 dias, o equivalente em humanos à idade de 4 a 7 anos. Na vida adulta, os ratos tiveram perda de neurônios e de outras substâncias importantes para o funcionamento do cérebro. Além disso, apresentaram problemas de memória.
Os resultados obtidos no laboratório da UFRGS servem de alerta para que o diagnóstico do transtorno do déficit de atenção seja muito bem feito. Para a criança que tem problema, a professora de bioquímica da universidade, Angela Wyse, destaca que a medicação é importante. Mas para a que não tem, pode haver prejuízo para o cérebro, que está em fase de desenvolvimento durante a infância. “Tem que haver um cuidado muito grande porque está mexendo com neurotransmissores. O que são esses neurotransmissores? É a forma de uma célula conversar com a outra”, explica.
Psiquiatra infantil, Lisiane Motta explica que nem sempre desatenção e hiperatividade precisam ser tratadas por Ritalina. O transtorno, aliás, carece de diagnóstico que só pode ser feito por médicos. “Uma criança que está muito desatenta pode estar deprimida, ansiosa. Na mesma forma a questão ambiental, onde essa criança está inserida? O que ela está fazendo? Como é o funcionamento da família? Às vezes essa criança vem muito agitada por algo que está acontecendo em casa. Essa avaliação diagnóstica precisa ser muito mais amplas do que uma escala de sintomas”, afirma.
Em 2018, o Sistema Único de Saúde realizou quase 678 mil atendimentos relacionados ao déficit de atenção, aumento de 24 por cento em relação a 2017. A criança com o transtorno pode, por exemplo, se distrair facilmente; ter dificuldade para se concentrar; ser esquecida e perder objetos importantes; ser muito inquieta; não conseguir brincar com calma e ter dificuldade de esperar sua vez.
