Uma nova aposta dos Correios promete mudar a forma como a estatal se relaciona com o comércio eletrônico no Brasil. Trata-se da “Mais Correios”, plataforma de marketplace criada em parceria com a empresa Infracommerce. O acordo, no entanto, ainda está cercado de mistério: os valores e prazos do contrato permanecem confidenciais.
De acordo com nota enviada pelos Correios à revista Veja, os detalhes estão protegidos por sigilo empresarial. A Infracommerce foi escolhida por chamamento público e será a responsável por toda a infraestrutura da plataforma, incluindo pagamentos, segurança, usabilidade e suporte digital. O pagamento da empresa será feito por comissões sobre as vendas realizadas.
Prejuízos não freiam os planos de expansão
Apesar da proposta ousada, tanto os Correios quanto a Infracommerce vêm enfrentando prejuízos significativos. A estatal fechou 2024 com déficit de R$ 2,13 bilhões, chegando a R$ 3,2 bilhões ao considerar os investimentos feitos. Já a Infracommerce teve perda de R$ 1,8 bilhão em 2024 e prejuízo adicional de R$ 44,8 milhões no primeiro trimestre de 2025.
Mesmo assim, os Correios defendem o projeto como parte da estratégia “Correios do Futuro”, destacando que ele foi planejado com foco em eficiência operacional e sustentabilidade. A estatal garante que a implementação será gradual e usará estruturas que já existem para reduzir custos.
Aposta em capilaridade e inclusão digital
O lançamento oficial da parceria aconteceu no dia 2 de abril, em Brasília, e contou com representantes do setor e autoridades do governo. Durante o evento, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, afirmou que a ideia é conectar o país de forma mais eficiente e estimular o empreendedorismo.
A proposta da “Mais Correios” é ampliar o acesso ao comércio eletrônico em todas as regiões do Brasil, com foco nas pequenas empresas. O presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, reforçou a importância da iniciativa, lembrando que micro e pequenas empresas respondem por 95% dos negócios no país e por 60% dos novos empregos gerados em 2024.
A segunda fase do projeto vai incentivar a entrada de pequenos e médios empreendedores no marketplace, permitindo que negócios de diferentes regiões do Brasil comercializem seus produtos por meio da nova plataforma digital.