A Polícia Civil do Rio Grande do Sul finalizou a investigação sobre o envenenamento que chocou o país em dezembro do ano passado, em Torres. O caso envolveu um bolo servido em uma confraternização de Natal, que resultou na morte de três pessoas.
A principal suspeita do crime era Deise Moura dos Anjos. Ela chegou a ser presa, mas foi encontrada morta na cela antes da conclusão das investigações.
Brigas familiares teriam motivado crime
Segundo a polícia, o crime foi premeditado. Deise teria colocado arsênio na farinha usada por sua sogra, Zeli dos Anjos, na preparação do bolo. O doce foi servido durante uma reunião familiar, com sete pessoas presentes.
Três delas — duas irmãs de Zeli, Maida e Neuza, e a sobrinha Tatiana — morreram após comer o bolo. Zeli sobreviveu, mesmo após passar 19 dias internada. Outras duas pessoas também ficaram doentes, mas conseguiram se recuperar. O único que não comeu o doce foi João, marido de uma das vítimas.
Pesquisas sobre venenos levantaram suspeitas
Durante as investigações, a polícia descobriu que Deise pesquisou na internet sobre “veneno para o coração” e “veneno para matar humanos”. As buscas reforçaram a tese de que ela planejou o envenenamento com antecedência. A prisão de Deise ocorreu no dia 5 de janeiro. Ela foi acusada de triplo homicídio duplamente qualificado e três tentativas de homicídio.
Após a prisão, a polícia levantou outras suspeitas. Em setembro, quatro meses antes do episódio do bolo, o sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu após uma suposta infecção intestinal. Exames feitos após a exumação revelaram níveis elevados de arsênio no corpo dele.
Além disso, há uma suspeita envolvendo a morte do pai de Deise, em 2020. Ele teria morrido de cirrose, mas a polícia investiga se ela teria administrado pequenas doses de veneno por um longo período.
Rancores e frieza nos depoimentos
Conforme apurado pela polícia, Deise teria cometido os crimes motivada por ressentimentos familiares. Um deles seria uma dívida de R$ 600. Outro motivo seria o fato de uma prima ter se casado na igreja onde ela sonhava realizar seu casamento.
A polícia acredita que Deise comprou o veneno e recebeu pelos Correios. Durante os interrogatórios, ela teria mantido uma postura fria e calculista.
Também foi investigada a possibilidade de uma nova tentativa de envenenamento enquanto Zeli se recuperava no hospital, mas essa hipótese foi descartada pelo Instituto-Geral de Perícias.