O boletim da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira, apresenta um balanço da pandemia de covid-19 em 2021 no Brasil e aponta a informação como essencial para tomada de decisões. Diante do chamado “apagão de dados”, do Conecte Sus, os pesquisadores alertam que, na ausência de informações, as imprecisões são ampliadas, impedindo a adoção de medidas adequadas.
Além das falhas na divulgação de dados decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde, os cientistas também apontam vulnerabilidades e fragilidades no preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios, além de atrasos ou interrupções na divulgação de informações.
O estudo destaca ainda outros dois grandes desafios para o país no enfrentamento à covid-19 em 2022. Um deles é o surgimento de novas variantes, sendo a principal preocupação no momento a propagação da Ômicron. Os pesquisadores alertam que, combinada com a maior circulação de pessoas nas férias e festas de fim de ano, o número de casos, internações e óbitos pode aumentar, a exemplo do que ocorreu no final de 2020, quando a variante Gama foi identificada.
Outro desafio apontado pelos cientistas diz respeito ao processo de politização das medidas de enfrentamento da pandemia, com a desvalorização de medidas preventivas, propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas.
O estudo ainda destaca como fundamental a vacinação das crianças contra a covid-19. No Brasil, desde o início da pandemia houve 301 óbitos por covid-19 na faixa etária de 5 a 11 anos. Segundo o Boletim, embora o quadro da covid em crianças seja de sintomas mais leves e com risco mais baixo que em outras faixas etárias, não se deve desconsiderar a ocorrência de quadros mais graves. Além disso, os pesquisadores afirmam que a vacinação nessa faixa tem um papel importante na cadeia de transmissão, reduzindo a circulação do vírus.
Fabiana Sampaio/Agência Brasil