Antes de embarcar em missão à Alemanha, nesta terça-feira (5), em busca de mais investimentos para o Rio Grande do Sul, o governador José Ivo Sartori fez uma manifestação a propósito da greve dos professores anunciada pelo Cpers Sindicato. Ao declarar seu descontentamento pela forma como alguns setores da sociedade têm agido em relação à crise, reforçou que o parcelamento de salários não é fruto da vontade política ou do governo e agradeceu à imensa maioria dos servidores públicos, que, mesmo diante das dificuldades, seguem atendendo à população.
Estou partindo hoje para a Alemanha, em mais uma missão internacional do Rio Grande do Sul. A crise não pode nos paralisar. Precisamos construir a travessia para um tempo de crescimento, o que depende da modernização do Estado e do estímulo ao desenvolvimento. Estamos em boas tratativas para ampliação de investimentos de empresas alemãs que já atuam no Rio Grande do Sul. É o caso da Stihl e da SAP. Também vamos intensificar nosso relacionamento com a Fraport, que vai operar o Aeroporto Salgado Filho. A companhia administra o terminal de Frankfurt, um dos maiores e mais modernos do mundo, referência para o potencial que Porto Alegre tem pela frente. Essa mudança abre portas para outros fornecedores aportarem no Estado, o que exige um esforço conjunto de desburocratização e estímulo a todo o cluster logístico que o novo Salgado Filho pode trazer.
Soube hoje que o Cpers convocou nova greve. Embora compreenda os motivos, lamento muito essa decisão. Ela não ajuda em nada a resolver o problema. Pelo contrário, só agrava a situação dos alunos e de suas famílias, especialmente dos mais humildes. O parcelamento de salários constrange a todos nós, mas não é fruto de vontade política deste governador ou do nosso governo. Agradeço à imensa maioria dos servidores públicos que, mesmo diante de todas essas dificuldades, segue atendendo à população. Permaneçam, resistam, sigam em frente – e vamos juntos construir uma condição de sustentabilidade para todos.
Chegamos a essa situação em virtude de muitos erros históricos, que agora estamos procurando corrigir. O Estado foi se voltando para dentro, criando gastos maiores do que a sociedade tem condições de pagar. Não existe fórmula mágica, e essa situação não se resolve de uma hora para outra. O certo é que o Rio Grande do Sul saiu na frente neste processo de mudança e travessia. Nós fizemos as maiores reformas administrativas do país nos últimos dois anos. Nenhum outro Estado tomou tantas e tão profundas medidas quanto nós, mesmo que alguns resultados só venham a aparecer lá na frente. Mas as sementes de um novo futuro estão plantadas.
Peço um mínimo de responsabilidade à oposição. O discurso fácil, que só agrada aos grupos de pressão, mas esquece da sociedade, produziu esse rombo das contas públicas. Os mesmos que agora criticam ferozmente votaram contra nosso projeto de mudança no repasse do duodécimo, medida que iria dividir o peso da crise. Fizeram uma opção que agravou o problema dos funcionários do Poder Executivo. Foram contra todos os projetos, até mesmo aqueles apresentados em consenso entre os poderes. É a velha política do “quanto pior, melhor”.
A propósito disso: sempre quis pagar primeiro quem ganha menos, mas ações judiciais movidas por sindicatos de categorias com salários mais elevados impedem o governo de fazer isso. Não me conformo em tratar igualmente os desiguais, ainda mais numa situação como essa. Quem ganha menos sofre mais, e isso é uma injustiça. Antecipo que já pedi novos estudos para que se encontre uma alternativa que amenize a situação dos servidores com salários menores.
Estamos numa situação limite, fazendo todos os esforços para encontrar saídas para a crise financeira. Não é hora de dividir, de lavar as mãos, de colocar gasolina na fogueira das rivalidades. Uma sociedade dividida é uma sociedade paralisada – e isso é tudo o que não precisamos neste momento. Peço que a Assembleia Legislativa aprove as medidas de modernização que ainda faltam ser votadas, bem como as demais que enviaremos nas próximas semanas, abrindo a possibilidade para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal dos Estados. Não é a alternativa ideal, mas a única que temos no curto prazo. Ela evita o colapso do serviço público gaúcho.
O Rio Grande do Sul precisa estar acima de partidos, corporações e interesses particularizados. A Expointer provou, mais uma vez que, quando nos unimos conseguimos ir muito mais longe. O vice-governador José Paulo Cairoli responderá pela gestão nos próximos dias. Toda a nossa equipe está a postos para dar sequência aos trabalhos. Tenham confiança de que o Rio Grande do Sul sairá desta tormenta ainda mais forte, mais maduro e mais preparado para um novo futuro. Passo a passo, pouco a pouco, com perseverança e realismo, nós estamos fazendo a nossa parte.