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Política

Maconha: projeto de lei do deputado delegado Zucco propõe multa para uso em locais públicos

Texto propõe pagamento de um salário mínimo para quem for flagrado utilizando substância
Projeto de lei do deputado delegado Zucco propõe multa para uso de maconha em locais públicos
Projeto de lei do deputado delegado Zucco propõe multa para uso de maconha em locais públicos. Foto: Divulgação | Fernando Gomes | ALRS

Em razão da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu a descriminalização do porte de 40 gramas da maconha, o deputado Delegado Zucco (Republicanos) propôs um projeto de lei para multar, com valor estipulado em um salário mínimo, quem for flagrado utilizando a substância em locais públicos, como praças, parques, ruas e, até mesmo, ao volante.

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“A decisão do STF pode ocasionar no entendimento de que está liberado o uso da droga. Fui delegado de polícia por 25 anos. Muitas vezes me deparei com jovens que começaram pela maconha e chegaram a drogas mais pesadas. Não podemos aceitar que nossos filhos estarão expostos, em qualquer ambiente a essa liberação”, justifica o deputado.

Em relação à manifestação de parte da imprensa sobre o projeto de lei ser pauta conservadora, Delegado Zucco afirma a motivação para a lei proposta.

“Não é pauta conservadora e sim pauta de alguém da segurança que conhece a realidade do consumo e tráfico de entorpecentes, que não toma decisões em meio a gabinetes sem nunca ter entrado numa boca de fumo ou em comunidades carentes. Ser liberal em termos de consumo da maconha é viver num mundo de ‘sonhos’, no qual não existem traficantes, armas, mortes e jovens sendo recrutados muito cedo para serem soldados das facções”, conclui o parlamentar.

O projeto de lei 219/2024, prevê multa de um salário mínimo e, em caso de reincidência dentro de um ano, o valor dobrado. O valor arrecadado deve ser revertido para o Fundo Estadual sobre Drogas e para a realização de políticas públicas de prevenção ao uso de substâncias ilícitas.

Maconha: projeto de lei do deputado delegado Zucco propõe multa para uso em locais públicos
Maconha: projeto de lei do deputado delegado Zucco propõe multa para uso em locais públicos. Foto: Pixabay

Impacto relativo a decisão sobre a maconha

Além de lacunas quanto a procedimentos técnicos e indefinições para formulação de novas políticas públicas, há dúvidas e divergências sobre os efeitos da decisão. O advogado Cristiano Maronna, diretor do Justa, um centro de pesquisa não-governamental sobre a Justiça, teme que o impacto da decisão do STF seja muito pequeno e que a resolução “muda algo para que tudo permaneça como está.”

Para ele, a decisão do Supremo mantém a pressuposição de que o caso é de tráfico, e não de uso recreativo, no testemunho do policial, ancorado em provas como o volume de droga apreendida e, eventualmente, a posse de embalagens, balanças ou registros de venda.

“O tráfico não pode ser presumido. A finalidade mercantil tem que ser provada e tem que ser uma prova corroborada externamente para além do testemunho policial e das provas ancoradas”, aponta o advogado. “O que realmente poderia mudar é qualificar a investigação criminal, chegar de fato a quem é traficante, a quem ganha dinheiro com isso, afinal, se for um negócio bilionário, não é possível que só prenda os miseráveis negros”.

O advogado Gabriel de Carvalho Sampaio, diretor de litigância e incidência da ONG Conectas Direitos, admite que “é preciso avançar muito mais”, mas diverge de Maronna e aponta que a decisão do STF tem efeito importante que parece simbólico, mas que tem muitos desdobramentos na realidade, que é o fato da Suprema Corte reconhecer as injustiças feitas pelo Judiciário e pela polícia na aplicação da lei de drogas.

“A resolução do Supremo passa a constituir uma ferramenta importante no cotidiano, ou seja, não bastará mais a apreensão com a quantidade, uma mera declaração subjetiva da polícia para que o enquadramento seja de tráfico. As pessoas usuárias têm, a partir de agora, uma declaração do Supremo Tribunal Federal de que elas não praticam o crime ao consumir a droga, no caso, a maconha”, avalia.

Tags: maconha, Política, utilização