O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, descartou a venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, O anúncio foi feito após uma reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre, nesta sexta-feira (26). A unidade gaúcha integrava uma lista de ativos destinados à privatização, dentro de um plano da estatal, criado pela diretoria da companhia em junho de 2018, ainda na gestão de Michel Temer .
“A Refap não será vendida. Não é, em absoluto, um ativo colocado no mercado. É claro que esse processo todo de revisão ainda está em curso, porque temos um plano estratégico em andamento para o ano que vem e alguns ajustes precisam ser feitos. Há muito a fazer antes de pensar em construir uma refinaria nova. Antes, é preciso terminar as obras que temos de terminar, corrigir erros, mas percebemos que há muita capacidade de refino para extrair das mesmas instalações que já temos. Uma delas é a Refap, destacou sem antecipar o nível de investimento previsto na unidade gaúcha.
Presente na Coletiva, o diretor de processo da Petrobras, William França lembrou que a empresa foi ampliada até 2016. Agora, a ideia é substituir o refino do diesel S-500 (mais poluente, em razão das partículas de enxofre) que deixará de ser comercializado em breve pelo diesel S-10, já refinado em Canoas, mas que deverá absorver a totalidade da capacidade de produção.
A Refap também vai passar a processar o chamado diesel R5. O combustível sairia da refinaria com cerca de 95% de diesel mineral (derivado do petróleo) e 5% de diesel renovável, muito menos poluente. Na segunda-feira, Prates vai anunciar novidades em Rio Grande, quando visita a Refinaria de Petróleo Riograndense (antiga refinaria Ipiranga), em que a Petrobras é sócia da Braskem e do Grupo Ultra. O executivo não quis adiantar detalhes, mas perspectiva é que seja feita a divulgação do plano da unidade na Metade Sul passar a atuar como uma biorrefinaria.
Preços dos Combustíveis
A Petrobras (PETR4) anunciou na semana passada uma nova metodologia para sua política de preços de diesel e gasolina, abandonando a baseada na paridade de importação. Parte do mercado e especialistas criticam a medida comprando à estratégia adotada no governo Dilma em que a estatal passou por uma crise ao perder valor no mercado. A decisão da então presidente de segurar os preços praticados pela Petrobras para evitar o aumento da inflação causou um prejuízo à estatal de cerca de US$ 40 bilhões (R$ 208 bilhões, em valores atuais) entre 2010 e 2014. Questionado pela reportagem da Acústica FM sobre que mudanças a atual proposta traria em relação a que foi utilizada na gestão da petista, o presidente da estatal afirmou a empresa não vai segurar preços dos combustíveis durante um longo prazo
” Não vai ser usado nenhum artificialismo, do tipo: segura aí duzentos dias o preço por conta de uma eleição, de um processo. isso é um erro. Agora, nós vamos administrar a situação dois, três dias pra cá, para acolá a fim de ter um pouco mais de estabilidade nesse preço e manter o seu mercado, ser o melhor preço para o clientes que você já tem, tendo em vista que isso é admitido e feito por todas as empresas de petróleo do mundo”, destacou
Em relação à estratégia comercial da companhia, Prates acrescentou que a estatal atuará com equilíbrio. Além disso, garantiu que a Petrobras não irá “doar nem subsidiar combustível”, respeitará a referência internacional, mas jamais se tornará “refém da paridade de importação”. Essa foi a primeira visita do novo presidente da Petrobras a uma refinaria na sua gestão.