Nesta terça-feira (07), um enfermeiro municipal foi preso em flagrante no bairro Glória, em Porto Alegre, pelo crime de Receptação.
Conforme investigações o preso é suspeito de ter cometido os crimes de Peculato e de Adulteração de Produto Destinado a Fins Medicinais após ter, supostamente, subtraído ampolas de Cloridrato de Petidina (opioide analgésico, utilizado para dores agudas) da farmácia da UPA de Cachoeirinha. Além do peculato, o investigado teria, em tese, praticado outro crime, gravíssimo: a troca dos rótulos das medicações.
A Delegada de Polícia, Luana Medeiros, informou que “no intuito de ter acesso à Petidina, o autor do crime teria retirado os rótulos do produto e colocado-os em outros recipientes, de outros remédios, levando, então, consigo, as ampolas de Petidina”. Acrescentou a autoridade policial que “o fato é gravíssimo, uma vez que os demais profissionais da saúde, que atuavam na UPA, acabaram ministrando, sem saber, medicação diversa da pretendida, a pacientes que necessitavam da Petidina”.
Em um dos casos de troca de medicação, explicou, pode-se verificar que, com o rótulo de “Cloridrato de Petidina”, estava a medicação Deslanosídeo, utilizada na diminuição da frequência cardíaca. Assim, se usado em pessoa com problemas cardíacos, poderia levar, inclusive, à morte.
A Petidina é um opioide semelhante à morfina, um analgésico utilizado para alívio de dor intensa e que causa dependência química.
Diversas testemunhas foram ouvidas até então e, devido à gravidade do fato, bem como à suspeita de o enfermeiro ser o autor dos referidos crimes, foram cumpridos Mandado de Busca e Apreensão na residência do preso, que, atualmente, cursa medicina. No local, foram apreendidos carimbos em nome de médicos, atestados médicos em branco (carimbados com os dados de profissionais da saúde), receituários de controle especial em branco e carimbados, diversas seringas, lâminas de bisturi, torneiras para infusão, soro fisiológico, ampola de cloridrato de lidocaína, cânulas, etc.
Quando das buscas, o que chamou a atenção dos policiais foi a localização de inúmeros receituários e atestados médicos em branco, somente com o carimbo de profissionais da saúde. Além disso, localizou-se diversos carimbos, os quais constam como “perdidos” pelos respectivos médicos. Inclusive, em contato com um dos profissionais, este informou que jamais emprestou seu carimbo ao investigado, nem mesmo carimbou nenhuma receita em branco em seu favor. Declarou à Polícia, ainda, que seu carimbo está perdido há anos e, surpreso, referiu que desconhecia que estivesse sendo utilizado por terceiro.