Lembra das negociações salariais e dissídios com reajustes acima de 10%? São coisa do passado, mesmo que não tão distante.
O motivo dos baixos percentuais de reajuste não é ruim. É a queda da inflação. Ainda mais do INPC, que é o índice que o IBGE calcula e considera o peso dos preços no orçamento de famílias com rende de até cinco salários mínimos. O indicador é usado nas negociações entre sindicatos de trabalhadores e empresas.
Cai mais porque os preços dos alimentos que estão recuando. A comida pesa mais no cálculo do INPC do que no IPCA, que é considerada a inflação oficial do país.
Em agosto, por exemplo, os reajustes ficaram entre 2,5% e 3%. Ainda assim, representam um ganho real, porque ficaram acima da inflação dos últimos 12 meses.
Só que os trabalhadores ficam desconfiados. Reclamam até mesmo do Dieese, que há muitos anos acompanha os trabalhadores nas negociações, conta o supervisor, Ricardo Franzói.
– Não é com a inflação que têm que brigar. Eles têm que entender que o salário que é baixo no Brasil. Em um salário de R$ 10 mil, os 2% são alguma coisa. Só que a maioria dos salários é de pouco mais de R$ 1 mil.
Divulgado nesta quarta-feira, o INPC teve deflação de 0,03% em agosto. No acumulado de 12 meses, fica em 1,73%, que será usado nas negociações com data base em setembro.
– Devem arredondar para 2%.
No Rio Grande do Sul, a maior parte das negociações fica no primeiro semestre. Setembro tem a data base dos bancários, mas a categoria fechou acordo por dois anos.
IPCA
A inflação oficial veio abaixo do esperado pelo mercado. Ficou em 0,19% em agosto, frente a 0,24% em junho.
A queda ocorre mesmo com o aumento dos combustíveis. Os preços dos alimentos estão segundo o indicador, segundo o IBGE.
O acumulado de 12 meses fica em 2,46%. É bem abaixo do centro da meta do Governo Federal e a menor variação desde 1999.